As mudanças climáticas e o aquecimento global representam uma ameaça significativa ao nosso planeta. É fundamental que a população se una para enfrentar essa emergência, considerada o maior desafio da humanidade. Nesse contexto, a iniciativa Guardiões do Planeta foi criada, reunindo cientistas, acadêmicos e políticos.
Carlos Nobre, um dos principais climatologistas, participa dessa iniciativa e, em uma entrevista com a jornalista Adrielen Alves, comentou sobre o documento “Saúde Planetária”, apresentado na recente semana climática em Nova York. Essa entrevista faz parte do podcast em desenvolvimento “S.O.S! Terra chamando!”, uma colaboração entre a Rádio MEC, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a Fundação Oswaldo Cruz.
A urgência da saúde planetária
Na recente Semana Climática em Nova York, Nobre apresentou um documento intitulado Saúde Planetária, que aborda as implicações das mudanças climáticas e a necessidade urgente de ação. “Estamos combatendo o crime e o risco de gerar um ‘ecocídio’”, alertou Nobre, enfatizando a responsabilidade coletiva diante da crise climática.
O cientista, que é colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e co-presidente do Painel Científico para a Amazônia, destacou que a recente elevação da temperatura global — já 1,5°C acima dos níveis pré-industriais — tem causado eventos climáticos extremos e recordes de calor, especialmente no Brasil.
Biomas interligados em perigo
Durante a entrevista, Nobre destacou a interconexão dos biomas brasileiros, como a Amazônia e o Cerrado, que são fundamentais para a estabilidade climática global. Ele ressaltou que mais de 97% dos incêndios florestais no Brasil são causados por atividades humanas, o que representa um crime contra a natureza. Para ele, a transição para práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis é crucial.
Antropoceno: A era das alterações climáticas
Nobre discorreu sobre o conceito de Antropoceno, que se refere à época em que a atividade humana se torna a principal força geológica. Ele enfatizou que a mudança climática é uma consequência direta das emissões de gases de efeito estufa, que, se não forem controladas, poderão levar a um clima inabitável.
O cientista afirmou que o aumento da temperatura do planeta pode gerar um estresse térmico extremo, colocando em risco a vida humana e a biodiversidade. A previsão de um aumento de 3°C a 4°C nas próximas décadas poderia desencadear a sexta extinção em massa.
A missão dos guardiões do planeta
Os Guardiões do Planeta têm como missão principal a promoção da saúde do planeta e a implementação de soluções para a emergência climática. O movimento é uma resposta ao desafio global de encontrar alternativas sustentáveis que evitem a exploração predatória dos recursos naturais.
Nobre ressaltou que, além de restaurar florestas e reduzir emissões, é fundamental aumentar a resiliência das populações às mudanças climáticas. As iniciativas incluem projetos de restauração florestal e a promoção de sistemas agroflorestais, que respeitam o saber ancestral e potencializam a biodiversidade.
Um olhar para o futuro
A entrevista também abordou a busca por alternativas fora da Terra, como Marte, mas Nobre argumentou que essa visão é impraticável. “É um completo absurdo imaginar que podemos simplesmente deixar o nosso planeta”, afirmou, reforçando a necessidade de cuidar da Terra.
Por fim, o cientista destacou a importância de um movimento coletivo, onde todos são responsáveis pela saúde do planeta. A iniciativa Saúde Planetária é um chamado à ação, ressaltando que a sobrevivência das futuras gerações depende das escolhas que fazemos hoje.
Informações: Agência Brasil.