Na contramão das expectativas do BC, Dieese aponta queda no preço da cesta básica em julho

Foto: OlenaMykhaylova/iStockphoto

Enquanto em ata divulgada na terça-feira (6) o Banco Central ameaça com um inusitado aumento da Selic, sob o pretexto de controlar a inflação, informações divulgadas pelo Dieese indicam que o valor da cesta básica em julho caiu em todas as 17 capitais abrangidas pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), realizada mensalmente pelo órgão.

Entre junho e julho de 2024, as quedas mais importantes ocorreram no Rio de Janeiro (-6,97%), em Aracaju (-6,71%), Belo Horizonte (-6,39%), Brasília (-6,04%), Recife (-5,91%) e Salvador (-5,46%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 809,77), seguida por Florianópolis (R$ 782,73), Porto Alegre (R$ 769,96) e Rio de Janeiro (R$ 757,64).

Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 524,28), Recife (R$ 548,43) e João Pessoa (R$ 572,38).

BC faz o jogo dos rentistas

O comportamento do preço dos alimentos sinalizam uma inflação sobre controle e transforma o argumento usado na ata do BC em mero pretexto para subir os juros e encher as burras dos rentistas.

Convém lembrar que o Brasil já pratica as maiores taxas reais de juros do mundo, um descalabro que não deveria ser tolerado pela sociedade brasileira, mas é mascarado e mal percebido em função da cumplicidade midiática com a política monetária imposta pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.

Banqueiros  e rentistas, que em nada contribuem para o desenvolvimento nacional, agradecem e festejam a orientação da autoridade monetária, que por outro lado sabota os esforços de desenvolvimento nacional, deprimindo o consumo e os investimentos.

No 2º trimestre deste ano o lucro do Itaú subiu a R$ 10 bilhões, com forte alta de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 4,716 bilhões, um crescimento de 12% na comparação com o primeiro trimestre e de 4,4% na base anual

Salário mínimo necessário 

Já o salário mínimo necessário (conceito criado pelo Dieese para traduzir o valor do salário mínimo necessário para cumprir as determinações constitucionais), foi de R$ 6.802,88 em julho, 4,82 vezes o mínimo efetivo de R$ 1.412,00.

Quanto ao tempo médio de trabalho necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 105 horas e 08 minutos. Após desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, nada menos do que 51,66% do rendimento para adquirir os produtos em julho.

Sobra pouco ou quase nada para bancar despesas com aluguel, educação, saúde, transporte, higiene e lazer, entre outras, de forma que quem ganha salário mínimo tem de fazer muita ginástica para sobreviver e muitos vivem em situação de rua.

Uma triste realidade que lembra um velho e belo samba do mineiro Ary Barroso, um dos maiores compositores da nossa MPB.

Assista o vídeo com a interpretação de Jards Macalé e confira a letra abaixo

Falta Um Zero No Meu Ordenado
(Composição de Ary Barroso)

Trabalho como louco
Mas ganho muito pouco
Por isso eu vivo sempre atrapalhado
Fazendo faxina
Comendo no “China”
Tá faltando um zero no meu ordenado

Trabalho como louco
Mas ganho muito pouco
Por isso eu vivo sempre atrapalhado
Fazendo faxina
Comendo no “China”
Tá faltando um zero no meu ordenado

Tá faltando um zero no meu ordenado

Tá faltando sola no meu sapato
Somente o retrato
Da rainha do meu samba
É que me consola
Nesta corda bamba

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