Mídia endeusa a terrorista María Corina

Por Altamiro Borges

Desde a vitória eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela, em dezembro de 1998, a mídia imperialista e suas sucursais rastaqueras espalhadas pelo mundo – como a imprensa com complexo de vira-lata do Brasil – fazem de tudo para desestabilizar a chamada revolução bolivariana. No geral, esses veículos apoiaram as várias tentativas de golpe no país, foram cúmplices de inúmeras ações terroristas, como as “guarimbas”, e deram respaldo a ação de sabotagem das potencias capitalistas para asfixiar a economia venezuelana.

Nesse longo calvário de mais de duas décadas, a mídia burguesa e seus “calunistas” de aluguel elegeram vários heróis e mitos. Do empresário Pedro Carmona, que liderou o golpe militar fracassado de abril de 2002, passando pelo troglodita Henrique Capriles e pelo ladrão Juan Guaidó – o “presidente interino” nomeado por Donald Trump e reconhecido por Jair Bolsonaro, – até chegar nos dias atuais à nova queridinha dos jornalões e das emissoras de rádio e televisão, María Corina Machado.

Filha de empresário e golpista da Súmate

A mídia venal não esconde que ela é “a líder da oposição” da Venezuela. Como foi declarada inelegível por 15 anos devido a inúmeros crimes – como seu coleguinha brasileiro –, a ricaça escolheu um “poste” para ser o candidato da extrema direita nas eleições presidenciais – o “diplomata” Edmundo González Urrutia. Com isso, o seu passado tenebroso seguiu ocultado pelo noticiário. Mas vale a pena conhecer a história dessa golpista e terrorista, serviçal do império ianque e defensora de teses ultraneoliberais na economia.

María Corina é filha de Enrique Machado Zuloaga, um dos maiores empresários venezuelanos, falecido em janeiro de 2023. Dono da siderúrgica Sivensa, ele construiu um império ligado ao ramo de metais pesados e energia que, após sua morte, continua sob o comando da família. O atual presidente da empresa é Oscar Augusto Machado, primo da líder oposicionista. Em 2009, Hugo Chávez decretou a expropriação de duas filiais da Sivensa por irregularidades. No ano seguinte, após uma greve de trabalhadores numa subsidiária, a Sidetur, o ex-presidente também nacionalizou a empresa. O ódio mortal do clã surge desses conflitos.

Nos anos 2000, María Corina funda uma ONG chamada Súmate, que afirma ter como objetivo “monitorar as eleições na Venezuela”. A entidade, porém, teve participação ativa nas arruaças que culminaram no golpe em 2002 e na campanha pelo referendo revogatório contra o ex-presidente em 2004. Na ocasião, a ONG foi acusada de conspiração pela Justiça por receber doações do National Endowment for Democracy (NED), instituição criada pelo governo dos EUA para defender os interesses do império no mundo.

Participante ativa do golpe de abril de 2002

María Corina foi uma das líderes do golpe que derrubou Hugo Chávez por 48 horas em abril de 2002 e apoiou pessoalmente o governo golpista chefiado por Pedro Carmona Estanga, então chefe da principal entidade empresarial do país. O fascista se autoproclamou presidente da Venezuela e assinou decreto que fechou o Congresso Nacional, anulou a Constituição, dissolveu a Suprema Corte e suspendeu garantias legais. A dona da Súmate estava entre os 300 golpistas que assinaram o chamado “Decreto Carmona”.

Derrotada no golpe e no referendo revogatório, María Corina intensificou sua atuação internacional em busca de recursos financeiros e de apoio externo. Em 2005, ela visitou a Casa Branca e se reuniu com o então presidente dos EUA, George W. Bush. Em 2010, ela foi eleita deputada pelo Estado de Miranda, mas não terminou o mandato. Foi cassada em 2014, após aceitar um cargo de embaixadora do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA), violando o artigo 149 da Constituição do país que impede que mandatários aceitem cargos de governos estrangeiros.

“Embaixadora” na OEA e incentivadora das “guarimbas”

Como “embaixadora”, a agente do império pediu sanções econômicas para acuar e derrubar o governo venezuelano. Ela manifestou total apoio às chamadas “guarimbas”, ações terroristas contra instituições públicas convocadas pelo truculento Henrique Capriles, derrotado no pleito presidencial de abril de 2013. Como hoje, a extrema direita denunciou “fraude” na vitória de Nicolás Maduros. Em 2017, as “guarimbas” ficaram ainda mais violentas. Segundo cálculos oficiais, seis pessoas foram mortas e 23 foram agredidas pelos antichavistas. María Corina já era tratada como “a principal líder” dessas ações terroristas.

A partir da eleição de Donald Trump, o império aperta ainda mais o cerco contra a Venezuela – com novas sanções econômicas e o estímulo a um “governo paralelo”. O plano estava inserido na chamada estratégia da “pressão máxima” dos EUA. O patético ex-deputado Juan Guaidó é nomeado “presidente interino” – e logo reconhecido pelo também patético Jair Bolsonaro no Brasil. María Corina apoiou o “interinato”, mas não ocupou nenhum cargo no “governo paralelo”.

Prega uma “intervenção militar estrangeira”

Mais radical, ela defende abertamente uma “intervenção militar estrangeira” na Venezuela. “Se a ameaça não for real, o regime não vai ceder”, afirmou numa entrevista à BBC em 2019. No ano seguinte, em 2020, numa entrevista à agência alemã Deutsche Welle, ela implora por uma “intervenção militar cirúrgica, que retire Maduro do poder”. Com a derrota de Donald Trump em 2020 e o enterro do “governo interino” de Juan Guaidó em 2022, María Corina aposta todas as suas fichas nas sanções econômicas dos EUA, que atualmente somam mais de 900 medidas de sabotagem, como forma de desestabilizar o país.

Ela também intensifica suas relações com forças de extrema direita no mundo. É uma das signatárias da “Carta de Madri”, manifesto elaborado em 2020 com apoio de vários partidos neofascistas e figuras como Eduardo Bolsonaro, filhote 03 do “capetão”, o presidente Javier Milei, El Loco da Argentina, e a primeira-ministra Giorgia Meloni, seguidora de Benito Mussolini na Itália. Em setembro de 2023, María Corina foi convidada pelo senador Sergio Moro (União Brasil) para uma audiência no país. Não veio, mas participou por videoconferência e foi paparicada pelos únicos cinco senadores presentes: o general Hamilton Mourão (Republicanos), Esperidião Amin (PP), Jorge Seif (PL), Eduardo Girão e o próprio ex-juizeco.

Charge: Latuff/MintPress News

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