25 de Julho: Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

Foto: CTB.

O dia 25 de julho é celebrado como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha desde 1992. Esta data foi instituída durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado na República Dominicana, reunindo mais de 300 representantes de 32 países. O encontro teve como objetivo central debater a luta por igualdade racial e de gênero, dando visibilidade às questões enfrentadas por mulheres negras na região. No Brasil, essa mesma data também é marcada pelo Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola no século 18, conhecida por sua resistência e liderança no Quilombo do Piolho, localizado onde hoje é o estado de Mato Grosso. Sua história é um testemunho da luta das mulheres negras contra a escravidão e pela autodeterminação.

A voz das mulheres negras na luta por direitos

Flora, secretária de mulheres da CTB-BA, ressalta a importância do 25 de julho como um momento para lembrar e celebrar as histórias e lutas das mulheres negras, especialmente as trabalhadoras. “É importante que levantemos nossas vozes todos os dias. Sabemos que o Brasil foi estruturado com base em mão de obra escrava africana e indígena, consequência desse processo histórico que construiu nosso país. São as mulheres pretas, especialmente da classe trabalhadora, que sempre ocuparam a base da pirâmide. E então vêm nossas mulheres históricas, como Dandara, Tereza de Benguela, Carolina Maria de Jesus, Akotirene e todas as mulheres negras que estão na luta cotidiana, fazendo uma revolução pela construção de um outro mundo através do poder popular. Por isso o 25 de julho existe, com o objetivo de não esquecermos apenas essas mulheres, mas principalmente de darmos continuidade ao legado delas, a toda essa luta das mulheres. Nossa luta, classista e emancipatória, é contra o capital; é antirracista, e estamos rumo à eliminação de todas as formas de exploração que diariamente pisoteiam as mulheres negras e pretas”, disse Flora.

Desigualdades e desafios atuais

Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, chama atenção para as persistentes desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras, especialmente no que se refere ao trabalho doméstico não remunerado. Ela destaca dados da Cepal que mostram como as mulheres dedicam muito mais tempo a essas atividades em comparação aos homens, contribuindo para uma maior dependência financeira e dificultando a luta por emancipação e igualdade de direitos. Tira a possibilidade de mais mulheres no mercado de trabalho, criando dependência de seus parceiros dificultando a luta por emancipação e igualdade de direitos”, argumenta Celina.

Compromisso e solidariedade

Eremi Melo, secretária geral da CTB-RS, reafirma o compromisso da CTB na luta contra o racismo, sexismo e todas as formas de discriminação que afetam as mulheres negras. Ela destaca a importância de datas como o 25 de julho para reafirmar a resistência e a necessidade de enfrentamento dessas questões. “É um marco internacional da luta das mulheres negras para reafirmar a necessidade de enfrentar o racismo, sexismo, vividos até hoje por mulheres que sofrem com a discriminação social, de genero e de raça”, ressalta Eremi.

Posicionamento e luta contínua

Luciana Arcanjo Nunes, vice-presidente do sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna de São Paulo, reitera o posicionamento da CTB contra qualquer forma de discriminação e preconceito. Ela destaca a figura de Tereza de Benguela como um símbolo de resistência e liderança, inspirando a luta por mais direitos, respeito e dignidade para as mulheres negras.

O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é, portanto, não apenas uma data de celebração, mas também um lembrete da necessidade contínua de lutar por justiça social, igualdade de gênero e racial, e pelo reconhecimento das contribuições das mulheres negras na história e na sociedade contemporânea.

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