Em coletiva à imprensa nesta quinta (27), a direção do Sintaema, junto com representantes do Observatório Nacional das Águas (Ondas), da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e da Associação de Profissionais Universitários da Sabesp (APU), apresentaram detalhes de um estudo encomendado pelo Sindicato que escancara crime contra o erário público.
“Essa é mais uma iniciativa do Sintaema que compõe a jornada de luta do Sindicato em defesa da Sabesp pública. Os números são claros e mostram uma clara manobra do governo em usar nosso patrimônio para o lucro de alguns empresários. O fato de ser a Equatorial – uma empresa que atua somente em 16 municípios, no estado de Macapá – revela o quão esse processo é nebuloso. Como uma empresa com esse tamanho irá gerir a terceira maior empresa de saneamento do mundo?”, alertou o presidente do Sintaema, José Faggian durante a coletiva.
O Sindicato ainda destacou que todo o processo de privatização comprova que está em curso uma negociata que coloca no centro da banca a Sabesp. “Tarcísio está vendendo a empresa que mostrou força e referência em momentos como a crise hídrica e os desastres em Ubatuba e no Rio Grande do Sul. Ninguém faz o que a Sabesp faz, lembrando que todas essas ações sociais ocorrem sem prejudicar a saúde financeira da empresa, que todos os anos computa lucros bilionários”, emendou o presidente.
Durante a coletiva, os dois escritórios de advocacia – o Escritório Rubens Naves Santos Junior e o Escritório Marcus Neves – contratados pelo Sindicato destacaram as mais de 50 ações na Justiça contra a privatização. “Não restam dúvidas sobre a inconstitucionalidade do processo de privatização e do impacto desolador que essa venda causará para mais de 70% da população de São Paulo”, afirmaram os advogados presentes, doutor Rubens Naves e o doutor Gustavo Silva.
Detalhes sobre o estudo
O estudo encomendado Sintaema mostra que o valor das ações da Sabesp está subestimado. O preço da ação da Sabesp, que é negociada atualmente por cerca de R$ 74, deveria estar em torno de R$ 100. Entre os argumentos para apontar essa diferença, o relatório indica que os custos que a Sabesp terá para universalizar o saneamento deverão ser 30% ou 40% menores do que os previstos pelo governo do estado.
Ou seja, segundo Amauri Pollachi (falando na foto acima), conselheiro do Ondas e diretor da APU, se os custos para a universalização são menores o fluxo de caixa futuro da Sabesp seria maior, o que justificaria o impacto no valor das ações.
“Estamos diante do fenômeno da Black Friday. Uma verdadeira maquiagem na apresentação do plano de privatização. Não conseguimos olhar a sala inteira, mas a fresta que pegamos revela uma manobra para vender a Sabesp por um preço mais baixo que deveria ser”, conclui Pollachi.
Na mesma linha, Ronaldo Coppa, ex-membro do Conselho de Administração da Sabesp, ressaltou ser flagrante o direcionamento na escolha do acionista de referência. “A saída da Aegea é um alerta disso. Será que uma empresa que gerencia apenas 16 municípios possui credenciamento para assumir o selo Sabesp. Como uma empresa desse tamanho pode gerenciar a terceira maior empresa de saneamento do mundo e que se posiciona hoje como uma referência em produção de tecnologia para o campo do saneamento”, questionou Coppa.
E completou: “Diante da narrativa do governo Tarcísio a montanha pariu o rato visto que não há nenhuma empresa de ponta na concorrência pela Sabesp e nos deparamos com uma Equatorial em um processo muito suspeito”.
Todos concordaram que o processo de privatização da Sabesp tornará a população de São Paulo refém da iniciativa privada em um questão que é monopólio natural. “Não é só esse estudo, são todos os estudos que produzimos que escancaram a pervessividade do projeto de privatização da Sabesp. É um crime transformar um bem natural que é a água em um ativo de mercado”, finalizaram.
A versão final do estudo está em revisão e logo estará disponível para toda a imprensa e os interessados no processo de destruição da Sabesp.
Informações: Sintaema.