Por Adilson Araújo, presidente da CTB
Não é novidade para ninguém que no Brasil os salários atribuídos à classe trabalhadora são miseravelmente baixos, o que faz da sobrevivência uma ginástica aflitiva para dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras.
Dados divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Dieese mostram que o valor do salário mínimo necessário para cumprir os preceitos constitucionais, o que significa bancar as despesas de uma família com quatro pessoas, foi de R$ 6.946,37 em maio.
Prevalece, na realidade, um valor 4,92 vezes, ou seja, de R$ 1.412,00, sendo que mais da metade desta renda equivale ao valor de uma cesta básica.
A política de valorização do salário mínimo resgatada pelo presidente Lula alivia a situação, mas a distância entre a prática e a teoria constitucional continua abissal.
A Constituição Cidadã, neste caso como também na coibição da demissão imotivada e proteção do trabalhador em face da automação, transformou-se em letra morta por contrariar os interesses do patronato, em especial dos grandes capitalistas, que concentram com o poder econômico um grande poder político.
O que pode mudar esta triste realidade, agravada pelas “reformas” dos governos Temer e Bolsonaro, é a unidade e a luta da classe trabalhadora. Disto temos um bom exemplo na mobilização nacional dos profissionais da enfermagem pela aplicação do piso salarial que, embora transformado em lei pelo Congresso Nacional, não é devidamente respeitado, principalmente no setor privado.
Durante a pandemia do coronavírus, a categoria foi homenageada com aplausos pelo povo brasileiro em reconhecimento do trabalho essencial que realizou para salvar vidas.
Os profissionais colocaram a vida em risco nesta atividade e pagaram um preço alto por isto.
Somente em 2020, 44.441 enfermeiros, técnicos e auxiliares foram afastados do trabalho e colocados em quarentena após serem infectados pelo novo coronavírus, um número significativo dentro de um universo de pouco mais de 2 milhões de trabalhadores da área.
Entre março de 2020 e dezembro de 2021, morreram no Brasil mais de 4.500 profissionais da saúde pública e privada. Dessas vítimas fatais, 70% eram técnicos e auxiliares de enfermagem e 24% enfermeiros.
O amplo reconhecimento e a gratidão generalizada da sociedade refletiram na aprovação do piso salarial da categoria pelo Congresso Nacional, mas os capitalistas do ramo logo se armaram contra a lei, que também é desrespeitada no setor público em muitos municípios.
Os patrões recorreram ao STF e contaram com os favores do ministro Luiz Roberto Barroso, que chegou a suspender a lei. Voltou atrás após forte pressão da categoria, mas vinculou o piso à jornada de trabalho semanal de 44 horas e, no setor privado, à negociação coletiva.
A lei aprovada pelo Congresso define o piso de R$ 4.750 para os enfermeiros, estabelece que os técnicos da categoria devem receber 70% desse valor (R$ 3.325) e auxiliares e parteiras 50% (R$ 2.375). Mais de dois terços recebem menos que isto hoje.
Os valores dos pisos para a categoria definidos em lei são inferiores ao salário mínimo necessário previsto na Constituição, que conforme as estimativas do Dieese se aproxima de R$ 7 mil.
Ao lado do piso, com reajuste anual para repor as perdas infringidas pela inflação, os profissionais da enfermagem reivindicam uma jornada de 30 horas por semana.
A sociedade brasileira não pode se esquecer do papel heroico da categoria na pandemia.
A luta dos profissionais da enfermagem é mais do que justa e merece a solidariedade e o apoio do conjunto da classe trabalhadora e do povo brasileiro.
Foto: Amanda Paiva (Ato de trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem pelo piso nacional em 09/09/2022 em Recife)
18 Comentários
A realidade nua e crua é que a saúde ficaria órfã se não existisse os profissionais da ENFERMAGEM,todo
o cuidado assistencial prestado aos pacientes giram em torno desses guerreiros,sou técnico de enfermagem e futuro ENFERMEIRO,continuo na luta diária.
É uma vergonha salário da gategoria , da enfermagem, enquanto os políticos eles mesmo aprova os salários deles qualquer hora, enfermagem recebendo salário mínimo, cadê piso salarial da enfermagem vamos luta enfermagem, luta pelo nosso direito , até o exato momento só foi enrolação, rede privada mais lucraram com está pandemia , pra cima enfermagem
Vamos lutar até toda a categoria receber o piso salarial em todo o Brasil.
Um absurdo o que está acontecendo com a Enfermagem. Jornada de trabalho cansativa é mal remuneradas.
Em uma rede hospitalar onde até o vale transporte não estão pagando… não se espera mais nada …
O repasse foi feito pelo governo,mais o hospital não tem passado os valores corretos e ainda descontam o IR…
Existe uma resistência entre a própria categoria dos enfermeiros e técnicos da enfermagem,que é o MEDO DE PERDER O EMPREGO, o que caracteriza uma derrota da categoria, e os conglomerados capitalistas envolvidos da área , aproveitam se dá situação, e mantém a rédia curta .e NADA É FEITO DE CONCRETO PARA VALORIZAÇÃO E PAGAMENTOS JUSTOS AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE.
[…] Fonte: https://www.ctb.org.br/2024/06/06/a-luta-das-trabalhadoras-e-trabalhadores-da-enfermagem-merece-a-so… […]
Lutamos por nossos direitos e dignidade de salário justos. É constrangedor estarmos trabalhando e patrões cada vez mais ricos e brigando na justiça para não pagar nossos direitos. Na verdade justiça para eles porque mas nós não tem justiça se tivéssemos justiça nesta país não haveria tantos trabalhadores na rua brigando por seus direitos
Enfermagem é a profissão mas humana, merece todo reconhecimento mundial.
Pura verdade. Um país que só vê o lado dos patrões. Retira direitos dos trabalhadores em geral. Paga uma miséria. Enquanto os patrões estão cada vez maus ricos. Isso tem que mudar precisa de uma reforma dentro do congresso.
Justo ! Enfermagem é merecedora do piso,e da jornada de 30h.
Esse povo do STF que ganham milhões sentados e falando, falando……deveriam ter misericórdia dos trabalhadores da enfermagem que vivem morrendo de trabalhar e salvando vidas e sofrendo com esse salário de miséria. Saúde e Educação deveriam ser às profissões mais bem pagas nesse País sem reclamarem de nada. E tenho dito.
Tem que ter consciência sem a equipe de enfermagem não funcionar hospital
Concordo e sou auxiliar de enfermagem, moro no RS meu base é um salário mínimo, meu concurso é de 6 horas faço 8 ( duas extras) e as horas compudas pelo base . Meu filho trabalha e me ajuda , caso contrário não teria como seguir ..penso fazer concurso pra outra coisa , técnico de administração que sou formada , mas com 53 anos e a 21 na enfermagem se sair agora vou penar para me aposentar e já estou bem cansada , pra recomeçar, pois aqui é FAPS o município deve uma baba pro INSS então fizeram isso de FAPS , não temos direito a FGTS , nada como os demais, e sem o piso definido me aposento com o base e com os treinos e só. Insalubridade é de 20% e vai na aposentadoria. Sei ke tem colegas pior que eu , por isso ainda tenho o sonho de que alguns 10 mais o piso em fim seja realidade para os que vem atrás .
Infelizmente no Brasil só política e futebol tem valor, enquanto professores e enfermagem ficam no prejuízo ganhando salário de fome, são as duas profissoes mais importantes do Brasil e ficam sendo as mais mau pagas , para uma super valorização precisa sim de uma paralisação nacional, quem cuida de pessoas e ensina pessoas não pode trabalhar em trez empregos para ganhar o salário de um, e omilhante, sociedade precisa ficar sem estes profissionais para aprender a valorizar os mesmos.
Não acredito que os empresários irão acatar essa lei, basta ver o que passamos no dia a dia, assédio moral, agressões físicas, atribuições além de nossas responsabilidades, e esse valor não cobre as nossas responsabilidades, ainda é uma vergonha, deveria ser muito mais, técnicos de enfermagem não deveriam ter 2 empregos para ter uma vida melhor, e sim um emprego com pagamento condinzente com a realidade e qualidade de vida e saúde.
Do ponto de vista da valorização dos profissionais de enfermagem, ainda não aprendemos nada , os profissionais continuam suplicando por um piso compatível com a realidade brasileira
A luta da enfermagem não é de hoje. Desde minha entrada na categoria, em 1992, tenho acompanhado e sofrido na pele esse desvalor. Nossa categoria merece esse reconhecimento, um salário digno, menor tempo de exposição aos riscos que a profissão nos coloca, respeito e melhores condições de trabalho. Compartilho com todos os meu colegas minha indignação. Um forte abraço. :/
Sou auxiliar de enfermagem e compartilho essa dor!!!!