Foram muitas as questões e propostas que permearam as discussões durante o 1º Encontro Nacional de Combate ao Racismo promovido pela CTB em parceria com a Unegro, durante os dias 22, 23 e 24 de novembro, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo.
O principal objetivo do encontro, denominado “Percepções e os Novos Desafios para o Enfrentamento e Superação da Discriminação Racial e do Racismo no Mercado de Trabalho”, foi dar condições para a criação de coletivos de Combate ao Racismo em todo país através das seções estaduais da CTB.
Participaram do encontro dirigentes e militantes do movimento negro de 12 estados brasileiros, representando as cinco regiões do país, que compartilharam as diferentes realidades vividas e as dificuldades enfrentadas no combate às desigualdades.
“Atualmente apenas alguns estados contam com coletivo organizado. Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, entre outros. Precisamos seguir o exemplo da Bahia, que é um dos mais organizados. Precisamos criar uma rede para a partir daí dar condições para os sindicatos fazerem essa luta”, revela Valmira Luzia, secretária de Combate ao Racismo da CTB Nacional.
Intensificar a luta
A dirigente, que também faz parte da direção do Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing de SP (Sintratel), esclarece que o objetivo é dar sustentação e subsídios para os sindicatos fortalecerem a luta contra a discriminação, o assédio moral e as desigualdades nos Estados e principalmente, no mundo do trabalho. “Queremos incluir essa discussão na campanha salarial dos trabalhadores. Queremos que vários itens façam parte da pauta de reivindicações durante as campanhas salariais. Reivindicações que dizem respeito ao assédio moral, igualdades de oportunidades, participação dos negros em pleitos e comissões. Precisamos que essa luta se dê de forma efetiva. E isso tem que ser feito a partir do fortalecimento dos sindicatos”, afirmou Valmira Luzia, secretária de Discriminação Racial da CTB.
Valmira Luzia faz sua saudação ao presentes na abertura do Encontro
Na solenidade de abertura, realizada nesta quarta-feira (22), estiveram presentes o presidente nacional da CTB, Wagner Gomes; o deputado estadual , José Candido, o presidente da comissão de Igualdade Racial da OAB, Eduardo Pereira e Edson França, da Unegro.
Durante os três dias de debates foram promovidas mesas sobre a Globalização e o Racismo no Mercado de Trabalho, que contou com participação do secretário adjunto de relações Internacionais da CTB, João Batista Lemos, do professor Dennis de Oliveira; o Estatuto da Igualdade Racial, com contribuição de Edson França, da vereadora baiana Olivia Santana e Silvio Pinheiro da CTB-BA; e a Ação Sindical no Enfrentamento ao Racismo, com explanação do vice-presidente da CTB Nivaldo Santana e Maria Aparecida Pinto, da Secretaria Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que foi uma das parceiras da CTB na realização do encontro, assim como a Coordenadoria dos Assuntos da População Negra da Prefeitura de São Paulo (Cone).
Fabiana Generoso (CTB-SP) coordena a mesa sobre Globalização
Comissão Nacional
A plenária final, que encerrou o encontro, aconteceu nesta quarta-feira (24), com a criação de um documento com as propostas dos participantes e uma comissão nacional, formada por representantes das cinco regiões, que terá a função de dar sustentação às CTB Estaduais na criação dos coletivos de combate ao racismo.
Já o documento com as resoluções do encontro (confira abaixo) balizará as lutas da Central para o ano de 2011 que, segundo a secretária de Discriminação Racial, trará novos desafios.
Delegados contribuem com propostas para o documento final
“Para nós o ano de 2010 foi extremamente positivo. Foram muitas as ações e os avanços. Conseguimos promover esse encontro, que contou com a importante parceria da Unegro, fizemos uma reunião nacional, conquistamos a aprovação do estatuto das Igualdades Racial. Sabemos que ainda falta muito. Tem a questão das cotas, que estamos batalhando, a batalha para inserir o combate à discriminação nas pautas de reivindicações das categorias, a questão da desigualdade salarial e de oportunidades para os negros. Ainda serão muitas as lutas que iremos travar. Mas estamos conseguindo avançar, dentro de uma sociedade, que sabemos, é reacionária e racista. Mas o balanço é positivo”, concluiu Valmira Luzia que revelou que além da criação dos coletivos, o próximo passo da secretaria é o lançamento nacional de uma Campanha e a publicação de uma Cartilha de Combate ao Racismo. “Essa cartilha orientará as entidades e levará subsídios aqueles estados pouco acostumados a fazer essa discussão da discriminação racial no mundo do trabalho”.
Comissão de Combate ao Racismo
Bahia – Silvio Pinheiro – Sind. Metalurgicos – Titular
Ivanet Fraga – Sind. Trab. Postos de Combustíveis
Rio de Janeiro – Mônica Custodio – Fit Metal – Titular
Cláudia Vitalino – Sind. Previdência
São Paulo – Fabiana Generoso – Sintratel – Titular
Nestor Doria – Sind. Correios
Rio Grande do Sul – Izaneh Mathos – Fed. Dos Empreg. no Comer. De Bens e Serv. RS – Titular
Luiz Fernando – Sind. Metalúrgicos de Caxias do Sul
Entidades presentes:
SEPPIR, INSPIR, UNEGRO, SINTRATEL, FITRAE,FITEE, SIMPRO, SIND. CORREIOS, SIND. METALURGICOS, UBM, CONE, SIND. BANCÁRIOS, FECOSUL-RS, FENATEMA, STIM-BA, ASSUFBA, INST. CORES, SIND. CONTRUÇÃO CIVIL, SIND. COMERCIARIOS, OAB/SP, CÂMARA-SP, CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE – SP, SIDC, SINTRAM, CONTEE, SBBA, SJDC, DCA, SJDC – CONED, APGAM, SIND. PREV, SEMMA, FETIM-BA E FUNCIONARIOS DA SECRETARIA DE JUSTIÇA DE SP.
Acesse documento do Encontro na íntegra
Cinthia Ribas – Portal CTB (fotos: Bergamini e Cinthia Ribas)
