Trabalhadores portugueses realizam nesta quarta-feira (24) uma greve geral organizada pelas duas principais centrais sindicais do país: a Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal (CGTP) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). A greve, que inclui tanto o setor público como o privado, deve durar 24 horas e tem como objetivo protestar contra um pacote de redução do orçamento nacional, que será votado na sexta-feira (26).
A pauta é o repúdio às medidas de austeridade, anunciadas pelo governo em setembro, entre as quais os cortes de salários dos trabalhadores do Estado, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Esta é a segunda greve geral marcada conjuntamente pelas duas centrais. A primeira realizou-se há 22 anos contra o pacote laboral.
A última greve geral em Portugal foi realizada em 2007 e foi organizada apenas pela CGPT. A última paralisação conjunta entre as duas centrais sindicais aconteceu em 27 de março de 1988.
O plano prevê corte de empregos, de benefícios sociais e aumento de impostos com objetivo de diminuir o déficit público do país de 7,3% para 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim de 2011. Com a crise na Grécia e na Irlanda, aumenta a pressão sobre Portugal para pedir empréstimo à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Outras causas do protesto, explicaram as centrais sindicais, são “a redução do poder de compra dos salários”; “o aumento generalizado do custo de vida”; “as práticas patronais generalizadas de ataque aos direitos”; “o bloqueio da negociação coletiva”; “o congelamento das pensões” e “o empobrecimento”. A aplicação do pacote deve diminuir o poder aquisitivo em um país que tem salário mínimo inferior a 800 euros. Em Portugal, o salário mínimo é de 554 euros desde janeiro de 2010, o equivalente a 1.286 reais.
Grande adesão
A greve paralisou o transporte nas grandes cidades e os serviços públicos em geral.
“Há uma transversalidade nesta greve”, o que é um sintoma da insatisfação dos portugueses, diz Manuel Carvalho da Silva, secretário geral da CGTP, explicando que “há adesões de setores operários públicos e privados, mas também de médicos, professores, juízes, há uma transversalidade em termos de classe sociais”.
Transporte é setor mais afetado
Os transportes estão sendo mais afetados pela greve, já que 100% dos trabalhadores do metrô de Lisboa aderiram ao protesto à meia-noite, junto com 100% dos trabalhadores de prefeituras de cidades próximas à capital do país, de acordo com um comunicado distribuído por e-mail pela Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP).
Nenhuma linha de metrô circula em Lisboa e todos os aeroportos estão parados. Nenhum voo de chegada ou partida está previsto. Além disso, estima-se que 75% dos trens e 60% da frota de ônibus deixaram de circular, de acordo com as empresas Comboios de Portugal e Carris. Portos também estão paralisados.
Nos hospitais, apenas os casos de emergência estão sendo atendidos e os correios estão entregando apenas medicamentos. Segundo os sindicalistas, a greve teve forte adesão em empresas privadas como as da indústria automobilística, na qual a paralisação é de 90%.
Com informações do Vermelho e agências