Por Altamiro Borges
Na semana passada, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), enviou à Polícia Federal uma relação de suspeitos para serem investigados por difundirem fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul. Segundo Mônica Bergamo, “dois médicos estão na lista. Eles postaram vídeos em suas redes sociais afirmando que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estaria impedindo aviões particulares de decolarem com medicamentos doados às vítimas da catástrofe – o que a agência nega de forma enfática”.
A dermatologista Roberta Zaffari Townsend está na lista encaminhada à PF. A farsante “afirmou a seus 33,5 mil seguidores no Instagram que ela e ‘colegas médicos’ tinham conseguido ‘aviões particulares’ de ‘amigos’ que estavam doando remédios. Os medicamentos, porém, não chegavam ao estado por causa da burocracia da Anvisa. ‘Por favor, Anvisa, libera as medicações. A gente precisa salvar vidas de pessoas’”, postou a farsante. O segundo bandido já é bastante conhecido pela Justiça brasileira. Trata-se do médico Victor Sorrentino.
Preso por assédio sexual no Egito
Com 1,3 milhão de seguidores no Instagram, ele postou que aviões privados, “em três aeroportos, carregados de medicamentos”, não conseguiram decolar por causa da “burocracia da Anvisa… Estão fazendo as pessoas morrerem sem medicamentos aqui”. O vídeo desse médico-monstro teve forte repercussão nas redes digitais, levando a Anvisa a divulgar uma nota, sem mencioná-lo, garantindo que “não efetuou qualquer restrição ao transporte de medicamentos destinados ao Rio Grande do Sul”.
Victor Sorrentino adora provocar. Como lembra Mônica Bergamo, “ele já foi detido no Egito, em 2021, acusado de assédio sexual, e suspenso por um mês, em abril deste ano, pelo Conselho Regional de Medicina do RS por violar o Código de Ética da profissão”. O caso do assédio ocorreu em maio de 2021. Em vídeo postado no seu Instagram, ele fez comentários sexistas em português a uma vendedora ao comprar um papiro. “Vocês gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?”, vomitou o médico asqueroso. O vídeo acabou viralizando e entidades feministas pediram e conseguiram a prisão do assediador. Ele ficou detido no Cairo por quatro dias.
Na época, uma matéria da Folha ainda registrou que “Sorrentino é defensor do chamado tratamento precoce para a Covid-19 e deu entrevistas defendendo a hidroxicloroquina, medicamento ineficaz para a doença… Um vídeo antigo que voltou a circular agora mostra o presidente Jair Bolsonaro, quando ainda era deputado federal, dizendo que Sorrentino é ‘mais que um amigo virtual, é um irmão de farda e de fé’”.
Ilustração do site Istock