Ricos e grandes empresas são os grandes vencedores das eleições nos EUA

Os americanos de mais alta renda e as grandes companhias do país, especialmente as de atuação internacional, poderão ser os grandes beneficiários do resultado eleitoral nos EUA, agora que os republicanos sinalizam que estenderão os prazos de vigência dos cortes de impostos em vigor e pressionarão pela criação de vantagens fiscais adicionais.

Com sua maioria recém-conquistada na Câmara, os republicanos fortalecerão sua campanha pela ampliação dos cortes de impostos da era Bush para aqueles que ganham mais de US$ 250 mil ao ano. Eles também apoiarão empresas como a IBM, Microsoft, Blackstone e Occidental Petroleum, que têm pressionado contra as propostas do presidente Barack Obama de aumentar os impostos sobre lucros no exterior.

“Os republicanos já deixaram bem claro que não aumentarão os impostos”, afirmou John Feehery, que foi assessor do ex-presidente da Câmara Dennis Hastert, último republicano que ocupou esse alto cargo. “Os republicanos têm muito mais consciência [dos impactos] e preocupam-se mais com as consequências financeiras desses impostos sobre o mercado de trabalho.”

As eleições em meio de mandato, realizadas na terça, deram aos republicanos uma maioria na Câmara e estreitaram a vantagem dos democratas no Senado.

Analistas dizem que essa nova composição aumenta as probabilidades de que o Congresso impedirá a extinção de quaisquer cortes de impostos da era Bush. Esses cortes estavam programados para expirar no fim do ano. As empresas conseguiram poderosos aliados para se empenhar em evitar os aumentos de impostos pedidos por Obama para financiar outras prioridades.

O setor privado “vai deixar de ser visto como um estoque de recursos a serem saqueados pelo Congresso”, disse Curtis Dubay, analista sênior de política tributária na Heritage Foundation, um centro de estudos com sede em Washington que geralmente se alinha com os republicanos.

Entretanto, mesmo com as cadeiras ganhas na Câmara, os republicanos terão de negociar concessões aos democratas para conseguir algo de substancial.

O presidente americano tem poder de veto, e os democratas conservam no Senado uma maioria que lhes permite evitar que qualquer proposta reúna os 60 votos necessários para suplantar obstáculos regimentais.

Cortes

O que está imediatamente em jogo é a renovação de mais de US$ 5 trilhões em cortes de impostos aprovados em 2001 e 2003 e que expiram em 31 de dezembro. Entre eles estão imposto de renda mais baixo e tributação reduzida sobre a maioria dos ganhos de capital e dividendos nos EUA.

Os republicanos querem que os cortes sejam estendidos permanentemente a todos os americanos; Obama e a maioria dos democratas são favoráveis a estendê-los apenas aos americanos que têm renda domiciliar de US$ 250. Os partidos também discordam sobre o que fazer a respeito do imposto sobre heranças, que foi extinto apenas durante o ano de 2010. Se o Congresso não agir, serão deflagrados aumentos de US$ 400 bilhões em impostos programados para este ano e o próximo.

“Nosso objetivo é barrar todos os aumentos de impostos que os democratas em Washington programaram para as famílias americanas e as pequenas empresas em 1º de janeiro”, disse Michael Steel, porta-voz do atual líder da minoria republicana na Câmara, John Boehner, de Ohio. Boehner passará a ser o líder da maioria quando o novo Congresso se reunir, em janeiro.

Se nada for feito, as alíquotas do imposto de renda deverão aumentar para todas as faixas de renda. O crédito tributário de US$ 1 mil por filho será reduzido à metade e outros benefícios de incentivo a adoções, matrículas em faculdades e programas de bem-estar infantil serão reduzidos ou extintos.

Além disso, diminuirão os incentivos para que as pequenas empresas invistam, e as alíquotas de imposto sobre ganhos de capital e dividendos subirão dos atuais 15% para 20% e até mesmo 39,6%. O imposto federal sobre heranças, extinto apenas durante 2010, deverá voltar a vigorar, com uma alíquota de 55% sobre os espólios de valores superiores a US$ 1 milhão.

Fonte: Valor Econômico

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