Para Obama, eleições nos EUA refletiram insatisfação do povo com a economia

Visivelmente abatido, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comentou durante entrevista coletiva dada nesta quarta-feira (3) a derrota do partido Democrata na Câmara dos Representantes, que, segundo ele foi um recado dos eleitores “frustrados”. “Eu tenho que fazer um trabalho melhor, assim como todos em Washington têm”, disse ele.

“Foi uma longa noite para mim. Posso dizer que algumas eleições são mais divertidas que outras”, ressaltou. “Eu viajei por todo o país, falei muito, mas principalmente ouvi. E ouvi que as pessoas estão frustradas por causa da economia. Elas querem seus pagamentos e seus empregos, querem dar às crianças as mesmas oportunidades que elas tiveram. Elas querem saber que suas vozes não estão sendo abafadas, que os impostos estão sendo gastos sabiamente”.

O presidente afirmou ainda que houve progressos nos últimos dois anos, mas “claramente, muitos americanos não sentiram o progresso e nos disseram isso ontem”. “Como presidente, assumo a responsabilidade por isso”, disse.

Obama fez um apelo aos legisladores para que coloquem o partidarismo de lado e trabalhem para solucionar os problemas enfrentados pelo país. “Eu disse a [John] Boehner e [Mith] McConnell que espero trabalhar com eles”, disse, referindo-se ao líderes republicanos na Câmara e no Senado, Mitch McConnell.

Para vencer a concorrência econômica com outros países, destacou, os Estados Unidos precisam estar “fortes e unidos”, independentemente de filosofias, crenças e partidos. “Não será fácil. Não vou fingir que vamos resolver todos os desentendimentos. Mas o povo americano espera que nós nos foquemos em recuperar os empregos, no déficit, na educação. Por isso quero um compromisso entre republicanos e democratas. Quero progresso diante dos desafios”.

Questionado se a eleição foi um referendo sobre suas políticas, Obama voltou a dizer que os eleitores expressaram frustração com a economia e que a população não está sentindo os progressos que foram feitos, “Eles não estão vendo isso.” Além disso, ressaltou, “o governo tornou-se muito mais intrusivo na vida das pessoas do que elas estavam acostumadas”, argumentando que as políticas que geraram esse sentimento foram uma resposta à crise.

Novo cenário

O Partido Republicano reconquistou a maioria na Câmara dos Representantes nas eleições legislativas desta terça-feira (02/11). Nos últimos quatro anos, os democratas ocuparam quase dois terços da Câmara, com 255 representantes, enquanto os republicanos contavam com 178 vagas. No entanto, o partido do presidente Barack Obama manteve a maioria no Senado.

Nestas eleições legislativas de meio de mandato, os norte-americanos renovam por completo a Câmara de Representantes (435 cadeiras) e 37 ocupantes do Senado (de um total de cem), assim como 37 governadores dos 50 Estados do país. Até agora, no Senado, os democratas ocupavam 59 cadeiras e os republicanos, 41.

Barack Obama telefonou ontem aos líderes republicanos na Câmara, John Boehner – provável futuro líder da casa -, e no Senado, Mitch McConnell. Obama disse que espera “colaborar com os republicanos para encontrar terreno comum, fazer avançar este país e conseguir coisas em favor do povo norte-americano”, indicou a Casa Branca, sem dar mais detalhes.

Os republicanos prometeram que, sob a liderança de Boehner, reverterão a reforma da saúde aprovada por Obama e iniciarão cortes de impostos que, segundo eles, ajudarão a reduzir o déficit e impulsionar o crescimento.

Tea Party

A noite eleitoral confirmou também a ascensão do movimento ultraconservador Tea Party, que conquistou sua primeira grande vitória da noite com o triunfo de Rand Paul para o Senado por Kentucky. “Chegamos para recuperar nosso governo”, afirmou Paul após a confirmação da vitória.

A segunda vitória do movimento foi com o republicano de origem cubana Marco Rubio, que superou o independente Charlie Crist na disputa por uma cadeira no Senado pela Flórida.

No entanto, uma das figuras de maior destaque do Tea Party nesta campanha, Christine O’Donnell, perdeu a corrida pelo Senado em Delaware para o democrata Christopher Coons.

O Tea Party deu seu apoio específico a 129 candidatos para a Câmara de Representantes e a nove para o Senado e teve como base de sua ascensão a insatisfação dos norte-americanos mais conservadores com a economia e o aumento dos gastos públicos.

Com agências

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