Morte de jovem em conflito sindical provoca protestos em Buenos Aires

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, manifestou “enérgico repúdio” pela morte de um jovem militante do Partido Operário durante conflito sindical ocorrido na tarde de ontem (20), na localidade de Avellaneda. O confronto envolveu trabalhadores terceirizados demitidos da empresa Ferrocaril Roca e funcionários filiados à União Operária, principal sindicato dos ferroviários argentinos. Os trabalhadores terceirizados queriam interromper uma das rotas da Ferrocaril em protesto pela demissão de 117 empregados e para reivindicar a reincorporação deles ao emprego.

Os dois grupos entraram em confronto físico que se estendeu até o bairro de Barracas, onde Mariano Esteban Ferreyra, de 23 anos, morreu baleado. Uma mulher de 56 anos, identificada como Elsa Rodriguez, militante do Partido Operário, levou um tiro na cabeça e está internada em estado grave. Um homem de 30 anos foi baleado na perna.

O presidente da União Ferroviária, José Pedraza, reconheceu que foram integrantes do sindicato que entraram em conflito com os trabalhadores terceirizados e a militância de esquerda que se uniu a eles no protesto. Pedraza disse que os filiados ao sindicato usaram a força para impedir o bloqueio da ferrovia: “Eles defendiam o seu emprego”, disse, mas negou  que os autores dos disparos sejam filiados à União Ferroviária.

O conflito entre terceirizados e trabalhadores efetivos da Ferrocaril começou em junho passado. Na ocasião, 12 demitidos acabaram reintegrados ao emprego.

A presidente Cristina Kichner afirmou que o governo vai colaborar com as investigações que buscam os autores dos tiros que mataram Ferreyra e deixaram dois feridos. “É preciso investigar intensamente o material filmado pela imprensa durante o conflito para localizar os autores do crime”, disse.

Na manhã de hoje, partidos políticos governistas e de oposição se uniram para repudiar o crime, enquanto organizações sindicais se mobilizavam para realizar protestos em vários pontos de Buenos Aires. Ferroviários da empresa Kraft interromperam um trecho do km 35 da Rodovia Panamericana, importante pista de acesso à capital e a outras cidades argentinas. Eles liberaram o local seis horas após o bloqueio, que provocou cinco quilômetros de congestionamento do trânsito.

A empresa ferroviária Belgrano Norte interrompeu os serviços à meia-noite de hoje, atendendo a uma greve convocada pela Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA). Uma série de passeatas por Buenos Aires está prevista para a tarde. Partidos e agrupamentos de esquerda vão se concentrar na Praça de Maio, diante da Casa Rosada, sede do governo argentino. Funcionários do metrô de Buenos Aires e professores da rede de ensino local também farão mobilizações em protesto pela morte de Mariano Esteban Ferreyra e o governo de Cristina Kirchner.

Os dirigentes do Partido Operário denunciaram que, no momento do confronto que resultou na morte de Mariano Esteban Ferreyra, a polícia argentina estava presente no local e não interveio para impedir a violência. Na manhã de hoje, o chefe de Gabinete da Casa Rosada, Anibal Fernandez, disse que o governo não tem responsabilidade pelo conflito sindical de ontem. “Estamos investigando da melhor maneira possível para encontrar os autores dos disparos e responsabilizá-los duramente.

Os ataques a tiros ocorreram em um lugar onde veículos não conseguem chegar e é preciso ir até lá caminhando. A polícia fez o que tinha de fazer”.

Fonte: Agência Brasil

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