A greve dos metalúrgicos da Bahia

A CTB/BA e a Fetim (Federação dos Metalúrgicos da Bahia) realizaram, no dia 14 de setembro, uma passeata em Camaçari, no estado da Bahia, para alertar a sociedade e os trabalhadores sobre a greve em curso.

A caminhada teve o mérito de reunir milhares de trabalhadores metalúrgicos do estado da Bahia. A greve vem ganhando adesão em massa e em diversas fábricas: a força foi comprovada na passeata e mostra também ao sindicato patronal que os trabalhadores estão firmes para enfrentar qualquer dificuldade, avalia Antônio Viana Balbino, presidente da Fetim.

Na Bahia, há cerca de 50 mil metalúrgicos. As negociações entre a Fetim e o sindicato patronal permanecem suspensas. A última tentativa de negociação foi mediada pela Justiça do Trabalho no final do mês passado, mas terminou sem acordo. Desde o começo da greve, no dia 8 de setembro, mais de 50 empresas foram paralisadas. Com o crescimento do movimento, muitas fábricas têm tentado coibir a greve a qualquer custo. Uma das estratégias é chamar a Polícia Militar. “Essa é uma tentativa de intimidar a categoria. Mas, nas fábricas, a esperança de um resultado positivo no final da campanha salarial é maior do que o medo. Por isso, a adesão à greve é cada vez maior”, diz Aurino Pedreira, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.

Desde o começo da greve, cerca de 8 mil carros já deixaram de ser produzidos no Complexo Ford. Assim, a empresa já tem sentido os efeitos negativos de ver a produção parada. Para tentar coibir o movimento grevista, que é legítimo, as empresas tomaram uma postura intransigente, entrando com um pedido de Interdito Proibitório, mecanismo jurídico que proíbe a mobilização em frente às empresas. A medida prevê multa de R$ 100 mil por dia caso o Sindicato desobedeça à determinação.

A alegação do sindicato patronal é de que o Sindicato está impedindo a entrada dos metalúrgicos na fábrica. Mas os empresários “deram um tiro no próprio pé”, ao pedir à Justiça que dobrasse o valor da multa. A Juíza do Trabalho negou o pedido, pois os oficias que estavam na fábrica viram a inverdade. Eles perceberam que o Sindicato não impedia o acesso de ninguém às dependências das empresas e que muitos ônibus já chegavam vazios. O Sindicato vai continuar fazendo o exercício de mobilização e conscientização da importância do movimento para o sucesso da campanha salarial, apesar de todas as dificuldades impostas pelos patrões.

A greve dos metalúrgicos da Bahia chama a atenção até fora do Brasil, tamanho o impacto que provoca. A categoria ganhou o apoio da Unión Internacional Sindical de la Metalurgía y La Minería e da Federación Sindical Mundial, que reconheceram a importância da greve no estado. Em nota, essas entidades destacaram a luta dos trabalhadores como essencial para avançar em novas conquistas. Outro apoio fundamental veio do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, através do presidente Marcelino da Rocha, também presidente da FIT Metal (Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil), que manifestou solidariedade. “Somente a mobilização será capaz de assegurar um acordo digno na campanha salarial que se realiza. Avante, companheiros, até a vitória!”, diz um trecho do documento.


Pascoal Carneiro é secretário-geral da CTB Nacional

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.