O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, denunciou com indignação uma Fake News da Rede Globo disseminada pela jornalista colunista Malu Gaspar. Atribuída genericamente a “fontes do Conselho da Petrobras”, a “notícia” ressalta que a estatal tem planos para iniciar a exploração de petróleo na Foz do Iguaçu “em seis meses”. É falsa, segundo Prates.
“Esta ´notícia´ NÃO É VERDADEIRA. Um dos problemas sérios que vamos ter que resolver urgentemente é o vazamento de informações e a invenção de notícias falsas atribuída a ‘fontes do Conselho da Petrobras’”, apontou o dirigente da petrolífera.
“Desde gestões anteriores vem um hábito despreocupado de vazar (sempre para os mesmos colunistas) tudo o que se discute no CA da Petrobrás, agora piorado por práticas de desinformação, falsidade ideológica, difamação e quebra de sigilo/distorção intencional de informação privilegiada”, acrescentou.
Assegurou que “conselheiros serão alertados mais uma vez sobre isso e medidas já estão sendo tomadas para investigar esse tipo de prática. Colunistas que se alimentam dessas fontes, e cultivam o hábito de divulgar sem checar, também terão mais dificuldades a partir das medidas que serão tomadas.”
Os Fake News não são gratuitos, ingênuos ou inofensivos. Têm sempre um propósito, que no caso é o de criar novos embaraços para Lula e a petrolífera num tema marcado por controvérsias no interior da frente ampla que compõe o governo.
Os fatos e a propaganda
Trata-se de um fato emblemático, precioso de lições sobre a natureza da mídia hegemônica no Brasil. As Organizações Globo, e respectiva equipe, gosta de se apresentar ao distinto público como uma fonte de informações objetivas, isentas de subjetivismo e apegadas à verdade dos fatos.
Mas, este é um exemplo de que nem sempre a aparência coincide com a essência. Não é bem assim que as coisas funcionam. A empresa da família Marinho, que apoiou os golpes de Estado de 1964 e 2016 no Brasil, funciona também como uma sofisticada fábrica de deturpação dos fatos e é rigidamente orientada pela ideologia das classes dominantes, hoje o fracassado e desacreditado neoliberalismo.
Muitos episódios históricos protagonizados por este monopólio midiático no Brasil revelam que a imagem que seus donos projetam, de guardiões da verdade, não está de acordo com a realidade.
Já em 1982, no curso do que ficou conhecido como caso do Proconsult, a Rede Globo foi acusada de cumplicidade numa tentativa de fraudar as eleições para governador do Rio de Janeiro com o objetivo de impedir a vitória e a posse de Leonel Brizola, considerado pela emissora como um perigoso inimigo.
Em 1989, uma edição manipulada do debate entre Lula e o neoliberal Fernando Collor no segundo turno das eleições presidenciais, no Jornal Nacional, foi apontada pelos analistas como fundamental para a vitória do falso “caçador de Marajás” nas urnas, que depois da posse sofreu impeachment e recentemente foi condenado por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre 2014 e 2016 a Rede Globo atuou em parceria com a Lava Jato (e seus jornalistas trataram de transformar Sergio Moro e Deltan Dallagnol em heróis nacionais da luta contra a corrupção) com o objetivo de desmoralizar o PT, desestabilizar o governo Dilma e condenar e prender Lula.
Esta parceria, que contou com a participação especial do Departamento de Justiça dos EUA (para não falar do imperialismo americano), abriu caminho para o golpe de 2016 e a vitória do fascista Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
Pela narrativa da Globo, que se tornou dominante e quase um pensamento único, o governo do PT patrocinou o maior escândalo de corrupção do mundo e Lula foi, de longe, o maior ladrão da história, como sugeriu o famoso point pointer do procurador Deltan Dallagnol.
Hoje – após as decisões do STF absolvendo Lula e outras vítimas da República de Curitiba, a Lava Jato desmoralizada, Dallagnol cassado por unanimidade pelo TSE e o ex-juiz e agora senador Sergio Moro a caminho de ter o mesmo destino – está evidente que a operação golpista instruída por Washington teve por fundamento meias verdades e Fake News disseminadas alegre e irresponsavelmente pela Globo e outros veículos sob propriedade da burguesia.
Com uma conduta cínica, a Globo abandonou seus falsos heróis e faz de conta que nada teve a ver com as infâmias da Lava Jato, o golpe de 2016, a prisão de Lula e a eleição do fascista Jair Bolsonaro. Mas fatos são fatos, estão registrados na história e não podem ser apagados pela propaganda. Todo cuidado é pouco com as Fake News da Família Marinho, podem ser obscurecidas por sutilezas mas são tão ou mais nocivas para os interesses do povo e da nação brasileira quanto as mentiras da extrema direita.