25 de maio marca o Dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural para a reflexão sobre a importância do trabalho exercido por mais de 18 milhões de pessoas no campo brasileiro, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq/USP).
E como a vida de quem vive do trabalho no campo não tem sido fácil, neste ano “celebramos a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e com isso voltarmos a produzir comida de verdade sem agredir o meio ambiente”, diz Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola e Agrária da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
Vânia afirma estar esperançosa com o novo governo porque “a violência tem tomado conta da vida no campo” como mostra a pesquisa da Pastoral da Terra, ligada à igreja católica, foram registrados 2.018 conflitos pela posse da terra em 2022, um a cada quatro horas. “E quem leva a pior é sempre a trabalhadora e o trabalhador”, reforça a sindicalista.
Uma reportagem de Verônica Tozzi no site da Contag lembra das dificuldades enfrentadas com o abandono das políticas em favor da agricultura familiar e da violência perpetrada pelos latifundiários contra quem vive do trabalho com o aumento exorbitante do uso de agrotóxicos e da exploração do trabalho escravo, em prejuízo da produção sustentável e de alimentos saudáveis.
O presidente da Contag, Aristides Santos afirma à Verônica, que “a produção de alimentos é importante e deve ser uma Estratégia de Nação. Durante todo período da pandemia lutamos incansavelmente para que fossem aprovadas medidas emergenciais para garantir investimentos na produção de alimentos saudáveis e auxílio emergencial para trabalhadores e trabalhadoras rurais”.
Pare ele, com o novo governo já se vê “alguns avanços, mas ainda faltam algumas medidas e estamos com expectativas para o atendimento à pauta do Grito da Terra Brasil e também quanto ao anúncio do Plano Safra”.
Afinal, destaca Vânia, “a agricultura familiar e responsável por pelo menos 70% da produção de alimentos no país”, precisa, portanto, “ser valorizada”. E emenda a necessidade de “termos uma produção agropecuária que não agrida a natureza” e, para isso, “necessitamos uma ampla revisão das liberações dos agrotóxicos feitos pelo governo anterior, que têm causado adoecimentos em trabalha na terra, contaminação do solo e da água e vêm provocando doenças nas pessoas que consomem os produtos”.
De acordo com o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2022, da Contag, a agricultura familiar gera 10,1 milhões de ocupações, isso porque a agricultura familiar detém somente 23% das terras no país, distribuídas em 3,9 milhões de estabelecimentos e conta com 67% das ocupações no campo.
“É fundamental para o progresso do país a valorização da agricultura familiar com recursos suficientes para manter uma produção capaz de novamente tirar o Brasil do Mapa da Fome “, ressalta Vânia.
Além dessa valorização e da retomada de políticas e favor da produção de alimentos saudáveis, Vânia defende uma “reforma agrária que contemple as pessoas que vivem do trabalho no campo e as necessidades das brasileiras e brasileiros em ter uma alimentação de qualidade”.
Por Marcos Aurélio Ruy