A Federação Única dos Petroleiros (FUP) qualificou como “importante iniciativa” a notícia de criação de diretoria executiva específica na Petrobras para tratar da transição energética. O anúncio foi feito na última quinta-feira (6), quando a diretoria executiva da empresa aprovou a proposta de ajuste organizacional, com o objetivo, entre outros, de “preparar a companhia para a transição energética”.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, lembra do papel fundamental da estatal na preparação de uma transição energética efetiva. “Entendemos que a empresa pode contribuir muito para o processo de transição energética justa, revitalizando o programa de biocombustíveis, retornando às atividades na geração de energia por meio de usinas eólicas e solares, investindo em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde, além da produção de energia elétrica por meio de termelétricas a gás natural”, destaca.
A agenda da transição energética faz parte das propostas da FUP apresentadas ao governo Lula, ainda na época da campanha. Entre as sugestões, destacam-se a revitalização do programa de biocombustíveis e a retomada de suas plantas de produção, com a PBio; o retorno da Petrobras na geração de energia eólica e solar; investimentos em pesquisas para o desenvolvimento do hidrogênio verde; e a produção de energia elétrica por meio de termelétricas a gás natural, “como preparação para uma transição energética efetiva, com o fechamento das termelétricas movidas a carvão e óleo diesel”, lembra Bacelar.
A questão é prioridade para a FUP e seus sindicatos. A Federação participou da COP 27 em novembro de 2022, no Egito, representada por seu diretor de Relações Internacionais, Gerson Castellano, e o economista Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP). No painel “Transição Energética Justa”, apresentaram o tema sob o viés dos trabalhadores e da sociedade, além de discutir as perspectivas da transição do petróleo no país e os caminhos legislativos e políticos necessários para que ela aconteça.
Castellano destacou a importância da participação dos trabalhadores nessa discussão. “O processo deve ser sustentável, inclusivo e para todos. A substituição de matriz energética não passa só pela modernização e descarbonização dos processos, mas também pelo respeito aos territórios, às demandas populares e aos princípios de dignidade humana”, afirma.
O diretor da FUP pontua elementos básicos que precisam ser debatidos nesse processo: “Quem é o operário apto a participar e se inserir na transição energética? O que fazer com a mão de obra existente, especializada em petróleo, no caso do fim da dependência energética petrolífera? Como garantir uma transição energética de fato justa, não só para a natureza e as empresas de energia, mas também para os trabalhadores?”.
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, e Gerson Castellano, diretor da Federação Única dos Petroleiros e Sindiquímica Paraná, falaram sobre o tema “Transição energética justa no setor de óleo e gás no Brasil”, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP 27, na cidade de Sharm El Sheikh no Egito, em novembro último. Informações do Sindipetro-RN.