Ferrovias bloqueadas, trânsito interrompido, voos cancelados confirmam o cenário da França no nono dia da jornada de protestos contra a reforma da Previdência. As manifestações ganharam maior impulso nesta quinta-feira (23), um dia depois de o presidente Emmanuel Macron confundir alho com bugalho ao comparar os protestos dos trabalhadores à invasão do Capitólio e aos atentados terroristas dos bolsonaristas no dia 8 de janeiro em Brasília, o que ajudou a inflar ainda mais as ruas contra o governo.
O gesto autoritário de Macron, um líder do neoliberalismo francês, despertou a revolta da classe trabalhadora e do povo francês. As pesquisas de opinião indicam que dois terços da população, e uma expressiva maioria de eleitores, se opõem ao aumento da idade de aposentadoria, apesar dos inúmeros transtornos provocados pela paralisação, entre eles o acúmulo de lixo na capital: “Paris tá um lixo”, observou um manifestante.
Em Paris registraram-se novos confrontos entre a polícia e manifestantes. A reforma imposta pelo presidente francês, sem o respaldo do Parlamento, eleva a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos e aumenta também o período de contribuição necessário para que o trabalhador ou trabalhadora tenha direito ao valor integral do benefício.
O povo ficou ainda mais irritado com a decisão do governo na semana passada de impor seu polêmico projeto sem o aval dos deputados. A postura arrogante do presidente também afetou o humor popular. A greve não é apenas contra a reforma, volta-se também contra o autoritarismo do governo, que está se afogando na impopularidade.
O movimento sindical marcha unificado no campo de batalha. “Não temos escolha a não ser a greve e bloquear a economia até que Macron ceda e retire o seu projeto”, declarou o secretário-geral do Sindicato da Força Operária (FO) dos Aeroportos de Paris, Fabrice Criquet.
A queda de braço entre a classe trabalhadora e o governo neoliberal da França tende a prosseguir e marcar a conjuntura e a paisagem da França pelos próximos dias.
Com informações das agências