A Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC) está completando 84 anos e para celebrar o aniversário realiza nesta quarta-feira (8), em parceira com o Instituto Internacional dos Trabalhadores (IOI), um simpósio sindical internacional que aborda a relação entre o comandante da revolução cubana, Fidel Castro, e a classe trabalhadora mundial.
Conforme sublinha o texto convocatório divulgado pelos organizadores, o evento ocorre num período em que, a despeito da desaprovação quase unânime da comunidade internacional, os Estados Unidos continuam imponso o bloqueio de longa data (mais de 60 anos) contra o orgulhoso povo cubano, que demanda e merece total apoio e solidariedade das forças revolucionárias e progressistas.
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Desde sua fundação, a CTC tem sido um pioneiro na luta dos trabalhadores cubanos, pela unidade do sindicalismo latino-americano e caribenho e é uma referência internacionalista emblemática para o movimento sindical mundial.
A comemoração do seu 84º aniversário será marcada pela homenagem aos dirigentes que desempenharam um papel destacado no movimento sindical internacional da classe trabalhadora mundial. Entre os primeiros está o emblemático líder Lázaro Peña, líder fundador da Federação Sindical Mundial (FSM) e camarada em luta de Fidel Castro.
A data do Simpósio Sindical Internacional, 8 de fevereiro, combina tanto a data de fundação do CTC, 28 de janeiro de 1939, quanto com a data de encerramento das honras fúnebres do comandante Fidel Castro Ruz.
A reunião será realizada presencialmente na capital grega (às 18 horas, no horário da Grécia, que corresponde a 14 horas no Brasil), Atenas, mas também terá participação virtual de lideranças sindicais e pode ser acompanhada pela internet desde que o interessado se inscreva no e-mail da IOL: [email protected]
A CTB será representada no simpósio pelo seu presidente interino, Rene Vicente, cujo pronunciamento pode ser conferido abaixo:
Prezados companheiros e companheiras
Estamos homenageando hoje o principal líder revolucionário da Américas Latina no século 20. Ao lado de Che Guevara, Raúl Castro e Camilo Cienfuegos, o comandante Fidel Castro dirigiu a revolução que sacudiu Havana no réveillon de 1959, derrubou o ditador Fulgêncio Batista – que tinha transformado a ilha numa espécie de boate e cassino de bilionários e mafiosos estadunidenses -, conquistou a soberania e resgatou a dignidade do povo cubano.
A revolução teve originalmente um caráter democrático e nacional, afastando o país da órbita e do domínio imperialista hegemonizado pelos EUA. Mas na medida em que o processo revolucionário avançou, confiscando terras para promover a reforma agrária e expropriando multinacionais estadunidenses, o regime se defrontou com a reação intolerante e furiosa de Washington.
Diante disto, e contando então com a solidariedade da União Soviética, em 1961, três anos após a conquista do poder, o comandante Fidel Castro e demais autoridades cubanas decidiram proclamar o objetivo socialista da revolução.
Em represália, no ano seguinte, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, estabeleceu o odioso bloqueio econômico à ilha, que completa neste mês 62 anos e foi intensificado recentemente, contrariando as recorrentes resoluções aprovadas anualmente nas Assembleias Gerais ONU exigindo o fim do bloqueio, que cria grandes obstáculos e impõe graves prejuízos à economia cubana, com impactos negativos inclusive na saúde.
Sabemos que a revolução não percorreu um caminho de flores e a coerência e defesa dos princípios revolucionários após a queda da União Soviética cobraram um preço alto e os sacrifícios sociais do Período Especial em Tempo de Paz. Mas Cuba resistiu como ainda resiste à estratégia de guerra híbrida que os imperialistas de Washington movem contra a ilha rebelde.
Não obstante as dificuldades econômicas, derivadas em larga medida do bloqueio imperialista, a ilha socialista garante condições dignas de vida ao conjunto da sua população, universalizou o acesso ao sistema público de saúde e exibe índices invejáveis nesta área e em educação, comparáveis apenas aos dos países mais ricos e desenvolvidos. Não há analfabetos, pessoas passando fome ou morando nas ruas em Cuba.
A fantasia do fim da história evaporou e a dura realidade expôs as contradições insanáveis que dilaceram o capitalismo dos nossos dias.
A ordem capitalista mundial hegemonizada pelos EUA, alicerçada nos acordos celebrados em Bretton Woods, está em franca decomposição.
Hoje é notório que o capitalismo neoliberal arde em crises, em sintonia com o esgotamento da ordem imperialista internacional, destrói a Natureza e conduz a humanidade a um caminho que pode desembocar na barbárie fascista e na guerra nuclear. Trata-se de um sistema que já nada de bom pode oferecer à humanidade. Superá-lo tornou-se uma necessidade histórica inadiável, uma questão de vida ou morte para a espécie humana e o próprio planeta Terra.
A trajetória épica de Fidel Castro na luta contra o imperialismo, ao lado do povo cubano e dos outros líderes do regime socialista, é um exemplo que ilumina e alimenta o espírito revolucionário e a luta pela soberania, os direitos laborais e a justiça social em Nossa América e em todo o mundo. Tenho a convicção de que expresso aqui não só o sentimento de toda a direção e militância da CTB como também da classe trabalhadora brasileira ao reverenciar a memória e o legado do comandante Fidel Castro e lembrar aqui palavras que, embora proferidas em 1976, mantêm notável atualidade. “O passado era da colônia e do imperialismo; o futuro é da humanidade, é dos povos, é da Revolução. E os fatos vão demonstrando isso neste hemisfério e em todas as partes.”