Sob herança de retrocessos, Brasil enfrenta ‘epidemia de adoecimento mental’ no trabalho, aponta Fundacentro

Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho é comemorado nesta segunda-feira (28) - Freepik.

Em 2024, país registrou 470 mil afastamentos relacionados a transtornos como depressão e ansiedade

O Brasil enfrenta uma “epidemia de adoecimento mental” no ambiente de trabalho, agravada por anos de retrocessos nas políticas públicas de proteção ao trabalhador. O alerta é de Pedro Tourinho, presidente da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), em entrevista ao Conexão BdF, do Brasil de Fato, nesta segunda-feira (28), Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho.

Tourinho revelou que, apenas em 2024, o país registrou 470 mil afastamentos relacionados a transtornos como depressão e ansiedade. “A pressão que massacra o trabalhador hoje está relacionada à cobranças de metas irrealizáveis, à baixa clareza nas tarefas do processo de trabalho, às relações de assédio frequentes nos ambientes de trabalho e às questão dos horários e jornadas de trabalho”, explicou. Para ele, o fim da jornada 6 x 1 é uma das discussões “mais importantes do país neste momento”.

A crise, no entanto, não é acidental. Segundo Tourinho, ela é fruto de escolhas políticas. Durante os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), houve “um ataque sistemático” às normas de saúde e segurança no trabalho. “Foi um período em que toda a agenda de proteção à saúde do trabalhador foi duramente atacada. Isso favoreceu, evidentemente, o avanço de práticas que não eram comprometidas com a saúde e a segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras”, denunciou.

O presidente da Fundacentro lembrou que o Brasil, historicamente, já figurava entre os países com mais acidentes de trabalho no mundo. Em 2024, foram registrados cerca de 740 mil acidentes, com 2,4 mil mortes. Ele ressalta que os números reais podem ser ainda maiores devido à situação crescente de informalidade no país e à subnotificação.

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