Dieese registra desempenho positivo das negociações coletivas no primeiro trimestre do ano: 80% consagraram aumento real

O desempenho das negociações salariais no primeiro trimestre de 2025 indica a manutenção de um quadro ainda positivo para as negociações coletivas e já observado nos últimos meses. É caracterizado pela prevalência de aumento real dos salários, o que ocorre com os reajustes acima da variação do INPC – em torno dos 80% das convenções e acordos coletivos analisados. Houve pouca incidência de resultados abaixo da inflação nas negociações das categorias com data-base nos primeiros três meses do ano.

As variações reais médias seguem também em patamares semelhantes. Em 2025, até março, o valor era de 1,3% acima da variação do INPC. Em 2024, com dados atualizados neste estudo, o valor foi de 1,29%. Porém, na análise detalhada por data-base, algumas flutuações merecem atenção.

Março registrou queda no percentual de reajustes com ganhos reais em relação às duas primeiras datas-bases do ano. Pode não ser
motivo para preocupação, afinal, 80,5% dos reajustes ficaram acima da variação do INPC. No entanto, é preciso verificar se a inflexão é resultado de um ajuste natural para a média que vem sendo observada nas negociações coletivas – nesse caso, o desempenho melhor de janeiro e fevereiro seria explicado pelo efeito temporário da valorização do salário mínimo – ou se é decorrente do aumento da inflação registrada nos últimos meses. Os próximos resultados podem ajudar a compreender melhor o quadro.

Em março, segundo dados analisados até 4 de abril, houve ligeira piora no quadro das negociações salariais, expressa na redução do percentual de reajustes acima da variação do INPC (que caiu dos 90,5% do mês anterior para 80,5%) e nos aumentos dos percentuais de
reajustes iguais à inflação (de 4,5% para 10,4%) e abaixo desta (de 5% para 9,1%).

Em especial, março registra o maior percentual de reajustes abaixo da inflação dos últimos 12 meses. Por outro lado, em março, o percentual de reajustes acima do INPC manteve-se acima do patamar de 80%.

Como reflexo do aumento do número de casos de reajustes em valores iguais e abaixo da inflação, em março, houve recuo no valor da variação real média dos reajustes, na comparação com os valores apurados nas duas primeiras datas-bases do ano (0,81%) para março, diante de 1,29% em janeiro e 1,81% em fevereiro).

Na comparação com os resultados dos últimos 12 meses, março aparece em 10º lugar, à frente somente de novembro (0,68%) e dezembro (0,64%) de 2024.

É possível que a elevação da inflação, observada em março, tenha refletido no recuo das negociações coletivas. Nesse mês, o valor do reajuste necessário foi de 4,87%, o maior no período considerado. Para as categorias com data-base em abril, o valor do reajuste necessário, segundo o INPC, será ainda maior: 5,2%.

Considerando a soma dos resultados de 2025, encerrado o primeiro trimestre, nota-se que 83,8% das negociações conquistaram ganhos
acima da variação do INPC, 10,6% obtiveram reajustes iguais à inflação e 5,6% ficaram abaixo dela.

Importante frisar que os percentuais indicados no momento podem sofrer alterações à medida que novos registros forem inseridos no Mediador. Na comparação com os resultados dos últimos 12 meses, há uma aparente estabilização no quadro das negociações coletivas, visto que os percentuais diferem pouco, apenas com uma maior incidência de reajustes abaixo do INPC e menor ocorrência de reajustes iguais à inflação, em 2025. O percentual de resultados acima da variação do INPC nos dois períodos é praticamente igual.

Em relação ao quadro regional, o Sudeste e o Sul se destacam em 2025 com maior presença de reajustes acima da variação do INPC: 86,9% e 85,5%, respectivamente. Ambas as regiões também apresentam os menores percentuais de resultados abaixo da inflação, na faixa dos 3% dos casos. O pior desempenho para as negociações foi o da região Norte, onde os ganhos reais foram observados em 76,3% dos casos. O Nordeste (6,8%) e o Centro-Oeste apresentaram os maiores índices de reajustes abaixo do INPC.

Quanto às variações reais médias de 2025, o maior destaque fica para o Sudeste, com 1,63% acima da variação do INPC.

No quadro dos últimos 12 meses, notam-se poucas diferenças. Chama a atenção o fato de o patamar de reajustes abaixo da variação do INPC diminuir em quase todas as regiões, exceto no Sudeste, onde permanece praticamente igual. Quanto às variações reais médias, os valores apurados no Centro-Oeste, Nordeste e Norte são maiores do que os registrados no primeiro trimestre de 2025; enquanto os do Sul e, principalmente, os do Sudeste são menores.

Fonte: Dieese

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