Hoje, 25 de abril, é uma data histórica para o povo de Portugal, dia em que se comemora a memorável Revolução dos Cravos, que 51 anos atrás, em 1974, pôs fim à ditadura fascista no país. Neste ano, a data foi marcada por uma provocação da extrema-direita, que resultou na prisão de neonazistas, que entraram em confronto com neofascistas na capital portuguesa.
Grupos de extrema-direita desafiaram a proibição da Câmara Municipal de Lisboa e tentaram realizar uma concentração na Praça Martim Moniz, no centro da capital, mesmo local em que militantes antifascistas comemoravam a Revolução que derrotou o fascismo.
O evento organizado pelo partido Ergue-te e pelo movimento neonazista Grupo 1143, foi proibido pela Polícia de Segurança Pública (PSP) devido ao risco de confrontos, mas os extremistas decidiram prosseguir, levando a choques com a polícia e com grupos antifascistas que se mobilizaram em resposta.
A PSP havia emitido um parecer negativo contra a manifestação, argumentando que ela colocava em risco a “ordem e tranquilidade públicas”, especialmente por acontecer no mesmo horário e local onde ocorreria o tradicional desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, a poucos metros dali.
A Câmara de Lisboa seguiu a recomendação e proibiu o ato, mas os organizadores, incluindo o ex-juiz Rui Fonseca e Castro (líder do Ergue-te) e Mário Machado (do Grupo 1143), anunciaram que iriam mesmo assim.
O protesto foi divulgado como uma celebração de “diversidade e inclusão”, mas a presença de grupos abertamente neonazistas e o histórico de violência de seus líderes levantaram suspeitas sobre suas reais intenções.
Punhada forte no Martim Moniz pic.twitter.com/ZUXpaGFYnz
— Alberto (@CAlbertto) April 25, 2025
A proposta de um churrasco de “porco no espeto” no Martim Moniz, local simbolicamente associado à diversidade cultural de Lisboa, foi vista como uma provocação por movimentos antifascistas e pela comunidade local. O simbolismo do porco está associado ao apelido de “porca”, atribuído às pessoas LGBTQIAPN+ em Portugal.
O 25 de Abril
A Revolução dos Cravos foi uma insurreição militar e popular que explodiu em Portugal no dia 25 de abril de 1974, colocando um ponto final nos longos e sinistros anos da ditadura salazarista (iniciada em 1932), que tinha um caráter fascista. O movimento revolucionário acabou com a ditadura e inaugurou um sistema democrático.
Seus principais líderes defendiam o socialismo, mas esta orientação inicial da revolução foi deformada e abandonada por dirigentes portugueses, inclusive em função também da forte pressão dos EUA e das potências capitalistas e imperialistas da Europa. A Revolução dos Cravos teve reflexos positivos para os povos africanos, contribuindo consideravelmente para a luta pela descolonização do continente. que por sua vez foi uma das causas do 25 de Abril.
Com informações do DCM
Ilustração: Arte sobre capa 25 de abril de 1974, a Revolução dos Cravos, de Lincoln Secco – Companhia Editora Nacional