Empresários fazem campanha terrorista contra fim da escala 6×1

Foto: CTB-BA.

Já dizia Karl Marx, em sua época, que a redução da jornada de trabalho é o resultado de uma luta multissecular entre capital e trabalho. Muita água rolou sobre a ponte da história desde então, mas esta observação ainda se ajusta aos fatos que presenciamos hoje em meio ao movimento social que se levanta pelo fim da exaustiva e desumana escala 6×1 e redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

Enquanto a classe trabalhadora, sobretudo a juventude, anseia por mais tempo livre e tende a despertar para a luta que os movimentos sociais estão organizando pelo fim da escala 6×1, os donos do capital promovem uma campanha terrorista, com grande repercussão midiática, alardeando os supostos – e “aterrorizantes” – efeitos negativos da redução da jornada.

Semeando pânico

Na contramão de estudos do Dieese e estimativas de inúmeros economistas, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) afirma que o fim da escala desumana, fonte de estresse e burnout para dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras, vai provocar a demissão de 18 milhões de trabalhadores, comprometer 16% do PIB e reduzir em R$ 2,9 trilhões o faturamento dos setores produtivos.

Esse tipo de argumento não tem fundamento na ciência econômica e contradiz não só as estimativas de muitos economistas e dos movimentos sociais como a experiência histórica no Brasil e no mundo.

É usado para suscitar pânico na sociedade e ameaçar a classe trabalhadora com o fantasma do desemprego em massa, confrontando e neutralizando o movimento popular por pelo menos mais um dia de folga e redução da jonrada sem redução de salários. Note-se que em muitos países o debate é em torno da Semana de 4 Dias, com três dias de folga.

O que nos diz a história

A experiência histórica indica, ao contrário do que sugere a FIEMG, que a redução da jornada promove redução do desemprego, elevação da intensidade e produtividade do trabalho e crescimento da produção, da renda e do consumo.

Em geral, nos países que compõem o chamado 1º Mundo e são indubitavelmente mais desenvolvidos e produtivos do que o Brasil vigoram jornadas de trabalho bem menos exaustivas e o tempo livre à disposição da classe trabalhadora é maior, o que significa mais qualidade de vida, bem estar social, saúde e engajamento no trabalho e menos doenças ocupacionais.

Após a generalização da Semana de 4 Dias e redução da jornada de trabalho a 36 horas semanais em 2019, a Islândia teve um avanço econômico e social extraordinário, com o crescimento do PIB chegando a 5% em 2023 enquanto a taxa de desemprego ficou abaixo de 4%, uma das menores da Europa.

Jornada, saúde e produtividade do trabalhador

No Brasil, a carga de trabalho exaustiva e os baixos salários deixam a classe trabalhadora desmotivada para o trabalho e doente, com quase um terço dos seus membros sofrendo com a síndrome de burnout e nada menos que 67% influenciados negativamente nas empresas pelo estresse, de acordo com o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View, do ADP Research Institute..

As condições desumanas que presidem as relações sociais de produção no Brasil são a causa da baixa produtividade do trabalho que desperta fortes queixas no empresariado brasileiro, Mas, este nosso personagem, embotado pelos próprios e mesquinhos interesses, não consegue ou simplesmente não quer enxergar esta verdade elementar comprovada na história do desenvolvimento das nações. A produtividade está óbvia e objetivamente associada à saúde e ao bem estar social da classe trabalhadora.

A redução da jornada e empliação do tempo livre do ser humano trabalhador é a melhor forma de elevar a produtividade do trabalho no Brasil, reduzindo o numeroso exército de vítimas do burnout, estresse e outras doenças ocupacionais e aumentando o bem estar social e o engajamento no trabalho.

Fonte: vidaetrabalho

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.