Cálculo é feito mensalmente pelo Dieese e corresponde ao valor necessário à sustentação de uma família com dois adultos e duas crianças, conforme determina a Constituição
Na prática, a Carta Magna não é considerada, pois o valor no caso é 4,87 vezes o mínimo praticado no país, equivalente a R$ 1.518,00.
Apesar da divergência entre o texto constitucional e a realidade econômica as classes que dominam as finanças e também, em larga medida, a política em nosso país não toleram a política de valorização do salário mínimo instituída pelo governo Lula e fazem de tudo para sabotá-la.
Conseguiram limitar o seu alcance ao incluir no pacote fiscal anunciado em novembro do ano passado pelo ministro Fernando Haddad um teto de 2,5% para o aumento real aplicado ao mísero piso, que força o trabalhador ou trabalhadora a uma ginástica estafante para sobreviver.
E não são poucos os que amargam tal situação. Segundo o IBGE, em 2022, 60,1% dos brasileiros viviam com até um salário mínimo per capita por mês.
Inflação da cesta básica
O Dieese analisou também o comportamento do preço da cesta básica, que aumentou em 14 das 17 capitais onde
o órgão realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
Entre fevereiro e março de 2025, as elevações mais importantes ocorreram nas capitais do Sul: Curitiba (3,61%), Florianópolis (3,00%) e Porto Alegre (2,85%). Já as reduções foram observadas no Nordeste: Aracaju (-1,89%), Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 880,72), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 835,50), por Florianópolis (R$ 831,92) e Porto Alegre (R$ 791,64).
Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 569,48), João Pessoa (R$ 626,89), Recife (R$ 627,14) e Salvador (R$ 633,58).
A comparação dos valores da cesta, entre março de 2024 e março de 2025, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações entre 1,83%, em Porto Alegre, e 9,69%, em Fortaleza.
Nos três primeiros meses do ano, o custo da cesta básica aumentou em todas as cidades pesquisadas, com taxas entre 1,01%, em Porto Alegre, e 8,51%, em Salvador.
Cesta e salário
Em março de 2025, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 106 horas e 19 minutos, maior do que o de fevereiro, de 104 horas e 43 minutos.
Já em março de 2024, a jornada média foi de 108 horas e 26 minutos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em março de 2025, 52,24% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em fevereiro, 51,46% da renda líquida. Em março de 2024, o percentual ficou em 53,29%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
• Em março de 2025, o preço do café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas. Os aumentos variaram entre 3,92%, em São Paulo, e 14,48%, em Belém. Em 12 meses, todas as 17 capitais também apresentaram taxas positivas, com destaque para Goiânia (134,38%), Brasília (125,29%) e Vitória (116,28%). Os baixos estoques mundiais influenciaram a alta do café em pó no varejo.
• O preço do tomate aumentou em 13 das 17 capitais, entre fevereiro e março de 2025. As maiores taxas foram verificadas nas capitais do Sul: Florianópolis (61,13%), Curitiba (52,13%) e Porto Alegre (49,68%). As quedas foram registradas em Natal (-19,39%), João Pessoa (-18,61%), Recife (-15,89%) e Aracaju (-12,08%). Em 12 meses, o valor do tomate apresentou comportamento de preço diferenciado, com elevação em seis cidades. As variações foram de 3,12%, em Curitiba, a 13,70%, em Belo Horizonte. Houve redução em outros 11 municípios, destacadamente em Porto Alegre (-21,48%) e João Pessoa (-16,96%). A menor oferta da safra de verão explica a elevação de preços na maior parte das cidades.
• O leite integral subiu em 10 capitas, com variações entre 0,14%, em Salvador, e 9,05%, em Vitória. O preço ficou estável em Campo Grande e diminuiu em outras seis capitais, com destaque para João Pessoa (-2,28%). Em 12 meses, o leite apresentou elevação em todas as cidades, as maiores em Natal (21,98%), Aracaju (18,18%) e Vitória (16,69%). A entressafra reduziu a oferta e a demanda seguiu firme, por isso a alta do derivado na maior parte das capitais.
• O preço do quilo da carne bovina de primeira baixou em 15 capitais, entre fevereiro e março de 2025. As reduções oscilaram entre -4,18%, em Aracaju, e -0,60%, em São Paulo. As elevações ocorreram em João Pessoa (2,09%) e Recife (0,12%). Em 12 meses, o valor médio do quilo aumentou em todas as cidades, com destaque para as taxas de Fortaleza (29,44%), São Paulo (28,17%) e Brasília (27,31%). A maior oferta interna de carne, apesar da resistência dos produtores em reduzir o preço, resultou em queda de valor na maior parte das capitais brasileiras.
• Em março de 2025, o preço do arroz agulhinha diminuiu em 15 das 17 cidades, com variações entre –7,21%, em Fortaleza, e -0,17%, em Porto Alegre. As altas ocorreram em São Paulo (4,65%) e Florianópolis (2,12%). Já em 12 meses, 14 cidades tiveram retração do preço médio. As maiores quedas foram registradas em Goiânia (-10,30%), Porto Alegre (-8,83%) e Recife (-8,58%). Os aumentos acumulados ocorreram em São Paulo (4,11%), Salvador (3,58%) e Campo Grande (2,21%). A queda do preço do arroz importado e a maior oferta reduziram as
cotações do grão.
• O preço do óleo de soja baixou em 13 capitais. As reduções oscilaram entre -6,17%, em Fortaleza, e -0,25%, em Vitória. A maior alta ocorreu em Campo Grande (1,16%). Em 12 meses, o valor médio do óleo de soja acumulou alta em todas as cidades, com taxas entre 24,90%, em Recife, e 41,82%, em Campo Grande. A perspectiva de uma safra positiva explica a queda de preços do óleo no varejo, apesar da forte demanda pelo produto bruto, tanto para o setor alimentício quanto para a indústria de biocombustíveis