Ato fracassado complica anistia de golpistas

 

Por Altamiro Borges

Até os bolsonaristas mais tapados e fanáticos já admitem que a manifestação de domingo (16) em Copacabana foi um fracasso. O ex-presidente postou vídeo prometendo levar mais de um milhão de seguidores. Mas o ato pela anistia dos golpistas flopou! Ele juntou 18,3 mil pessoas segundo cálculo do Monitor do Debate Político, um grupo de pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por pesquisadores da USP e pela ONG More in Common. Já o Datafolha estimou o público em 30 mil pessoas. Só mesmo a PM do Rio de Janeiro, sob comando do governador bolsonarista Cláudio Castro, falou em 400 mil presentes. Risível!

Além da baixa presença, bem inferior a outros atos convocados por neofascistas na fase recente, o ato confirmou a dificuldade de agregar apoio para aprovar o projeto de anistia aos terroristas que vandalizaram Brasília no fatídico 8 de janeiro de 2023. Ele reuniu basicamente governadores e parlamentares do PL – o partido de aluguel de Jair Bolsonaro. Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR) não compareceram – estão cuidando das suas próprias candidaturas presidenciais. Só Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que é um capacho do ex-presidente, foi ao Rio de Janeiro para ver se já disputa o espólio do “inelegível”.

Segundo vários analistas ouvidos pelo site UOL, “o ex-presidente não conseguiu demonstrar que tem o apoio de uma ‘frente ampla’ para aprovar a anistia aos golpistas… Sem a multidão aguardada na praia de Copacabana e com a participação somente de parlamentares bolsonaristas, a manifestação foi marcada por críticas ao governo Lula e ao Judiciário e apelos vazios em nome dos ‘inocentes’ já julgados ou à espera de julgamento”.

62% dos brasileiros são contrários à anistia

“Para conseguir aprovar a lei que anistie os golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes, Jair Bolsonaro precisa reunir ao menos 257 votos na Câmara dos Deputados e 41 no Senado. E força popular para forçar os presidentes de ambas as Casas a pautar a proposta. Em seu discurso, o ex-presidente tentou mostrar que tem apoio de líderes partidários para votar e aprovar o projeto – chegou a citar nominalmente o presidente do PSD, Gilberto Kassab –, mas não levou nenhum deles ao ato, com exceção de Valdemar Costa Neto, presidente de seu próprio partido”.

Ou seja, o ato flopou e dificultou ainda mais a anistia aos golpistas. Pesquisa Datafolha realizada em dezembro passado já havia mostrado que 62% dos brasileiros são contra a aprovação deste projeto. Outros 33% se mostraram a favor e 5% não souberam responder. A concordância com a anistia foi maior entre os que declararam ter votado em Jair Bolsonaro (45%), os empresários (37%) e os evangélicos (37%). Com o início do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o terrorismo bolsonarista ficará ainda mais exposto e o apoio à anistia deverá diminuir ainda mais.

Charge: Miguel Paiva/247

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