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Charge: Nando Motta |
Por Altamiro Borges
A extrema direita está desesperada com os efeitos do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de Jair Bolsonaro e de outros 33 golpistas – fardados e civis. As sessões serão transmitidas pela TV Justiça e retransmitidas em vários canais no Youtube e nas redes sociais, além de serem replicadas e comentadas diariamente nas TVs aberta e por assinatura. Os bolsonaristas temem os estragos causados na imagem do “capetão” e também dos seus herdeiros políticos, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Jr. (PR).
No outro campo, as forças antifascistas torcem pela máxima exposição das sessões no STF. Como aponta matéria do site Metrópoles, “interlocutores do presidente Lula apostam na transmissão televisionada do julgamento da trama golpista para minar a popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro… O governo avalia que o julgamento reproduzirá um clima semelhante ao da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Na ocasião, o colegiado conseguiu desgastar o então presidente reproduzindo as denúncias que chegavam ao Senado”.
A exposição midiática de toda a trama golpista
Ainda não há dia definido para o início do julgamento. O STF já deu o prazo para manifestação da defesa dos acusados. Só após ouvir os representantes legais dos criminosos será marcada a data. “A primeira decisão é se o ex-mandatário e os demais denunciados pela PGR se tornarão réus. Uma eventual prisão só deve ocorrer após condenação formal e o esgotamento dos recursos. Um dos pontos que promete esquentar o julgamento na TV é a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid”, descreve o site.
O julgamento tratará da trama golpista – com as várias ações orquestradas pelos bolsonaristas, do bloqueio criminoso de rodovias, aos acampamentos em frente aos quartéis do Exército em muitas cidades, até os atos de terrorismo contra as sedes dos Três Poderes em Brasília no 8 de janeiro de 2023. Os outros dois inquéritos da Polícia Federal – sobre o roubo das joias sauditas e acerca da fraude no cartão de vacinação – não foram incluídos na atual denúncia da PGR, mas as marcas desses e de outros crimes deverão aparecer durante as sessões televisionadas do STF.
Na avalição de Leonardo Sakamoto, em postagem no UOL, eles poderão ter até maior impacto na sociedade. “O que é pior do que planejar e executar um golpe de Estado para ficar no poder após perder as eleições? Para uma parte significativa do eleitorado, roubar joias ou usar grana dos cofres públicos para bancar seus luxos e necessidades pessoais. Denunciado, nesta terça (18), por tentar transformar de forma violenta a democracia em geleia, Jair Bolsonaro pode ter uma dor de cabeça ainda maior quando vierem as denúncias que tratam do surrupio das joias doadas ao Brasil pelos árabes ou do uso do cartão corporativo da Presidência”.
“Ser acusado de ‘ladrão de joias’ é bem mais palpável do que “golpista” para uma parcela da população que votou em Bolsonaro, mas não é seu fã (quem é seguidor radical acredita em absolutamente qualquer coisa). Mas o grupo que acreditou na narrativa de que Jair era um homem ‘honesto’ e estava acima da corrupção ou que, ao menos, acreditava estar apoiando o ‘mal menor’ pode ser impactado com esse tipo de coisa… Parte do eleitorado tem mais facilidade de gravar na memória escândalos envolvendo Bezerros de Ouro, como os setores evangélicos. Qualquer cristão conhece bem o ‘não furtarás’ dos Dez Mandamentos no livro de Êxodo, capítulo 20, tanto quanto o problema de adorar um bezerro feito de ouro e joias contada em Êxodo 32”.