Nós, trabalhadores e trabalhadoras do Acampamento Vida Nova, em Jordânia (MG), viemos a público denunciar mais um grave ataque contra nossas famílias. Há mais de 16 anos, lutamos pelo direito à terra, pelo direito de trabalhar e produzir, e estamos produzindo, mas seguimos enfrentando perseguições, ameaças e violência.
No dia 09 de fevereiro de 2025, um grupo liderado pelo indivíduo conhecido como Afraninho do Estrela destruiu cercas, invadiu a área com um trator e instalou um contêiner nos fundos da fazenda. O acesso foi permitido por meio da propriedade do confrontante Adão, que facilitou a entrada dos invasores. Questionados pelos acampados, não apresentaram documentos que comprovassem a posse da terra, e nem seria possível, pois a terra pertence aos espólios de Pedro Kangussu e está em processo judicial.
No dia 14 de fevereiro, diante das ameaças, fomos à cidade de Jordânia para registrar uma ocorrência, mas fomos informados de que não havia policiamento disponível na parte da manhã. Após diálogos, ficou acertado que a polícia iria até o local após o almoço. Recebemos a informação da chegada da polícia e seguimos para o local, passando por dentro da fazenda, enquanto a polícia se dirigia por outro caminho. No entanto, ao chegarmos, a polícia não estava presente, e fomos atacados a tiros e espancados por um grupo armado de mais de 20 homens. No início da noite, a Polícia Militar esteve no acampamento e registrou um boletim de ocorrência. Os policiais nos informaram que, no local do conflito, foram encontrados ‘projéteis e cartuchos deflagrados.’ No entanto, até o momento, ninguém foi responsabilizado.
Este ataque não é um fato isolado. Ao longo dos anos, sofremos inúmeras ameaças e agressões, e até agora a justiça não foi feita. Não podemos aceitar que nossas vidas sejam colocadas em risco e que nossa luta pela terra continue sendo alvo de violência.
Diante disso, pedimos:
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Investigação imediata e punição dos responsáveis pelo ataque;
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Medidas urgentes das forças de segurança para garantir nossa proteção;
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Atuação do Ministério Público e da Justiça para impedir novas invasões e violências;
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Apoio da sociedade civil e de organizações para que nossa luta não seja ignorada.
Seguimos firmes na resistência! Não aceitaremos ser silenciados! Nossa luta é por terra, dignidade e justiça.
Jordânia/MG, 17 de fevereiro de 2025.
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Acampamento Vida Nova de Jordânia/MG
NOTA DE REPÚDIO DOS ACAMPADOS DO VIDA NOVA EM JORDÂNIA