Com Galípolo à frente do BC Brasil torna-se campeão mundial dos juros altos

O Brasil superou a Argentina e, após a alta de 1% da taxa Selic na quarta-feira (29), conquistou a desonrosa posição de primeiro lugar no ranking global dos juros reais depois que o Banco Central argentino decidiu cortar em três pontos percentuais sua taxa básica, apesar do alto índice de inflação. A informação consta do relatório do MoneYou publicado nesta sexta-feira (31).

A taxa de juros reais em nosso país (Selic menos a inflação) subiu a 9,18%. O índice contrasta fortemente com os juros reais praticados em países como Chile (1,29%), Índia (1,9%), China (1,14%) ou EUA (1,12%).

Os juros altos transformaram a economia nacional num generoso paraíso para banqueiros e rentistas, que não agregam um só centavo ao PIB brasileiro, mas lucram horrores e abocanham algo em torno de 50% do Orçamento da União. Para garantir que o pagamento da dívida pública seja paga religiosamente esses poderosos parasitas exigem do governo cortes drásticos nos investimentos públicos, sacrificando a saúde, a educação, a seguridade e as políticas sociais de uma forma geral.

Isto explica, entre outras coisas, o retrocesso na política de valorização do salário mínimo, que neste ano deveria ter um reajuste de 10% (se fosse respeitada a regra de aumento real correspondente ao crescimento do PIB verificado em 2023), mas ficou em 7,5% devido ao teto de valorização fixado em 2,5% no pacote fiscal elaborado pela equipe econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad.

“É uma pouca vergonha”, reagiu o presidente da CTB, Adilson Araújo, que não escondeu sua decepção com o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que foi indicado ao cargo pelo presidente Lula.

“Nossa expectativa no movimento sindical era de que com a saída do bolsonarista Roberto Campos Neto veríamos uma mudança na política monetária”, comentou o sindicalista. “Mas, estamos vendo o contrário: uma radicalização da mesma orientação, com alta de 1% da Selic contra 0,75% da reunião anterior presidida por Campos Neto.

Benéfica para rentistas e banqueiros, a atual política monetária revela-se perversa para o desenvolvimento nacional na medida em que restringe severamente as possibilidades de crescimento da economia e da oferta de emprego.

Este efeito já foi captado pelo Caged no final do ano, quando foi registrado o pior resultado para dezembro desde a pandemia, com a redução de 536 mil vagas. Conforme notou o economista Lucas Assis “a alta da Selic deixa os empregadores mais receosos de contratar”.

Para piorar o cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou com novo aumento cavalar de 1% na taxa Selic em sua próxima reunião. Neste ritmo nosso país está condenado à estagnação, ao austericídio fiscal e ao desempenho que os economistas classificaram de voo de galinha.

Charge: Latuff

 

 

 

 

 

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