Que venha um novo ano de luta e sem anistia

O presidente da CTB, Adilson Araújo discursa no 1º de maio de 2024 na Neo química arena. Foto: Roberto Parizotti.

Por Adilson Araújo, presidente da CTB

Três fatos marcantes merecem destaque neste fim de ano e certamente devem prosseguir influenciando decisivamente a conjuntura ao longo do novo ano que será inaugurado em 1º de janeiro.

O primeiro deles é protagonizado pelo tal “mercado”, um ente poderoso, aparentemente abstrato e invisível, mas na realidade corporificado e manipulado pela burguesia financeira, um seleto grupo de rentistas e banqueiros ociosos e arrogantes.

Este “mercado”, geralmente endeusado e glorificado pela mídia burguesa, está em plena ofensiva contra o governo Lula, cobrando cortes drásticos no orçamento primário, intensificando a especulação contra o real e promovendo uma gritaria histérica por um ajuste fiscal que sacrifique ainda mais os interesses do povo brasileiro.

Mercado quer tirar o pobre do Orçamento

É preciso observar que o governo Lula já cedeu parcialmente à pressão deste grupo minoritário mas poderoso de brasileiros ao incorporar na proposta que encaminhou ao Congresso Nacional (e já foi aprovada nas duas casas) retrocessos na política de valorização do salário mínimo, abono salarial e BPC.

A resolução política aprovada durante a última reunião de sua direção nacional destaca que a CTB é contra esses retrocessos e orienta suas bases a lutar para preservar as conquistas, benefícios e direitos sociais arrancados na luta.

Continuaremos em 2025 nossa luta para que os mais ricos, e especialmente a burguesia parasitária que manipula o sistema financeiro, paguem a conta do ajuste, com a taxação das grandes fortunas, bem como dos dividendos, das remessas de lucros ao exterior e a revisão das desonerações.

Também cobra prioridade a batalha pela isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física aos assalariados que ganham até R$ 5 mil, promessa do presidente Lula que não pode ser remetida às calendas gregas.

Mercado quer o pobre fora do Orçamento

Em síntese, os fatos indicam que o “mercado” não quer ver pobre participando do Orçamento Público ao mesmo tempo em que conspira contra o crescimento da produção e o desenvolvimento nacional, esgrimindo o argumento falso e cínico de que a economia brasileira (que durante décadas cresceu em média 7% ao ano) está agora super aquecida com o PIB avançando na casa dos 3%, performance que não muito tempo atrás classificaríamos como medíocre.

É conveniente frisar que o crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento de consumo das famílias, investimentos e avanço do consumo do governo, ou seja, por iniciativas de políticas (com destaque para a valorização do salário mínimo) que estão sendo alvo de retrocessos.

Embora falaciosa, a narrativa hegemônica fornece a justificativa para as diretrizes recessivas da política ditada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ao longo deste ano promoveu cinco altas consecutivas da taxa básica de juros (Selic).

Ociosos e lucrando independentemente do ritmo da produção, e da evolução do PIB, os rentistas estão empenhados em sabotar o desenvolvimento nacional.

Fim da desumana escala 6×1

Um segundo fato marcante foi a luta pela redução da jornada de trabalho, que mobilizou as redes sociais e vai ao encontro de um forte anseio da classe trabalhadora brasileira, que demanda o fim imediato da escala 6×1 e a limitação do tempo de trabalho a 36 horas semanais, sem prejuízo para os salários.

Trata-se de uma luta multissecular estratégica para a classe trabalhadora, que ganha nova dimensão e maior relevância diante da crescente automação do processo de produção, que reduz o tempo social necessário para a produção de mercadorias e, sob o capitalismo, promove desemprego em massa e precarização crescente das relações sociais de produção.

Devemos trabalhar para que 2025 seja um ano marcado por uma ampla campanha nacional pelo fim da escala 6X1 e a redução da jornada sem redução de salários.

Sem anistia

Outro acontecimento marcante e alvissareiro foi o avanço das investigações sobre a empreitada golpista bolsonarista e a prisão de um general, o candidato a vice na chapa liderada por Jair Bolsonaro no pleito presidencial de 2022, Braga Neto. Um fato inédito em nossa história.

As investigações da Polícia Federal sugerem que o chefe do neofascismo brasileiro, Jair Bolsonaro, sabia de tudo e estava por trás da empreitada golpista, que felizmente fracassou.

Entre outras coisas, os golpistas planejaram o assassinato do presidente Lula, do seu vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre Moraes.

Encurralado e sentindo que a hora da cadeia se aproxima, Bolsonaro covardemente passou a clamar por anistia e “pacificação”.

Somos contra. Citando mais uma vez a resolução política da CTB, anistiar golpistas é estimular a impunidade e dar carta branca aos bolsonaristas para praticar novos crimes contra a democracia.

Defender os direitos sociais contra a ofensiva do “mercado”, viabilizar uma grande campanha pela redução da jornada sem redução de salários e lutar pela punição exemplar dos golpistas, contra a pretensão bolsonarista de anistia, são alguns desafios centrais do Ano Novo.

 

 

 

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