Dados da PNADc-IBGE do setor agropecuário relativos ao 1º trimestre de 2024, compilados e analisados pelo Dieese, dão conta de 7,997 milhões de pessoas ocupadas na agropecuária brasileira.
Dessas, somente 2,8 milhões possuem carteira de trabalho assinada.
A movimentação de pessoal (admissões menos desligamentos) no mercado formal de trabalho brasileiro entre janeiro e setembro de 2024, registrou saldo positivo de 1.981.557, no setor agropecuário em igual período foi contabilizado saldo de 81.490 mil novos postos de trabalho, o que corresponde a 4,1% do total.
Em relação à remuneração os talhadores rurais apresentam diferenças consideráveis entre as regiões.
No Nordeste, registram-se os menores valores, tanto para os homens quanto para as mulheres; e na região Centro-Oeste observam-se os maiores valores para ambos os sexos.
Em relação ao diferencial de rendimento entre mulheres e homens, o maior também é observado no Nordeste, onde as mulheres recebem somente 60% dos salários dos homens; e a menor discrepância encontra-se no Centro-Oeste, onde a mão-de-obra feminina recebe 83,9% da remuneração masculina.
No Brasil, a diferença percentual entre a remuneração das mulheres e dos homens é de 23%, ou seja, as mulheres ganham 77% (R$ 1.665,26) do rendimento dos homens.
Negociações coletivas e pisos salariais
De acordo com o Dieese, as negociações salariais dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em 2024 (até setembro) obtiveram bons resultados, melhores do que seus colegas nos centros urbanos, uma vez que praticamente 91% dos reajustes salariais conquistaram ganhos reais; 5,8% foram iguais ao INPC-IBGE; e apenas 3,3% não conseguiram zerar as perdas.
São resultados que, do ponto de vista dos ganhos reais, superam a média nacional.
Já os pisos salariais médios dos rurais por região, em 2024, registram pequenas diferenças entre si. A Região Sul é a que apresenta o maior valor e a Região Norte o menor, seguido do Nordeste. O diferencial entre o maior e o menor piso é 19,2%, o que corresponde a R$ 346,10. Quando medidos em salários mínimos, nota-se que os valores são muito próximos, variando de 1,03 SM (região norte) a 1,28 SM (região sul).
Desmatamento
O boletim “Indicadores do Campo” do Dieese destaca também o desmatamento provocado pela ganância que orienta o agronegócio, inimiga número 1 do meio ambiente no Brasil.
O desmatamento dos biomas brasileiros cresceu absurdamente no governo passado em razão do desmonte de vários órgãos que têm a responsabilidade de monitorar, fiscalizar e multar e do afrouxamento da legislação, argumentam os técnicos do Dieese.
“A maior prova disso é a fatídica frase do ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Sales, que numa reunião ministerial declarou ´vamos aproveitar a pandemia para passar a boiada´”.
Na conclusão do texto, os autores alertam que a destruição da cobertura vegetal dos biomas para implantar as diversas atividades exploradas pelo agronegócio (inclusive envolvendo mineradoras e madeireiras criminosas), além dos impactos ambientais e climáticos (secas severas, chuvas torrenciais, fora dos períodos regulares das estações etc…), provocam danos sociais às populações ribeirinhas, aos indígenas que têm as suas terras invadidas, aos agricultores/as familiares que muitas vezes são obrigados a vender as suas terras, quando não são expulsos, como ocorre frequentemente com os quilombolas enfim, o desmatamento indiscriminado causa pobreza e miséria piorando a vida dessas populações.
Foto: Marcio Pimenta/Reprodução