Em outubro, cerca de 70% dos 215 reajustes salariais registrados no Mediador do Dieese até 7 de novembro ficaram acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).
O resultado representa um recuo na comparação com o observado nas datas-bases anteriores, em que mais de 80% dos reajustes fixaram aumentos reais de salários.
A mudança é explicada pelo aumento do percentual de reajustes iguais ao INPC, equivalente a 24,7%, em outubro.
O crescimento no índice é localizado: quase a totalidade dos resultados iguais à inflação identificados pela pesquisa são de empresas metalúrgicas de Minas Gerais.
A variação real média dos reajustes em outubro caiu para 0,89%, devido à influência do aumento do número de resultados iguais ao INPC.
Mantém-se, portanto, a tendência de recuo do aumento real médio, iniciada em junho de 2024, com exceção somente dos resultados das negociações realizadas em setembro.
A evolução da variação real média costuma ir em sentido contrário ao do reajuste necessário para repor a infl ação.
O reajuste necessário tem subido mês a mês, desde junho passado, com exceção de setembro, refletindo o comportamento da inflação.
Ou seja: as variações médias tendem a ser menores conforme aumentam os valores dos reajustes necessários.
Para as categorias com data-base em novembro, o valor necessário para a recomposição do poder de compra dos salários é, segundo o INPC, igual a 4,6%.
Até outubro, 85,8% dos 13.710 resultados analisados ficaram acima da variação do INPC.
Outros 10,8% foram iguais à inflação e apenas 3,4% ficaram abaixo dela, com perda real de salário.
A variação real média dos reajustes em 2024 é de 1,45% acima do INPC.
Na análise por setor econômico, as principais mudanças foram os ligeiros aumentos no percentual de negociações com resultados iguais ao INPC no setor industrial, que subiu de 8,9%, até setembro, para 10,5%, e no de reajustes superiores a esse índice no comércio, que foram de 78,2% para 79,5%.
A conquista de aumento real é fruto da mobilização e luta classista conduzida pelos sindicatos, que foram severamente prejudicados pela reforma trabalhista aprovada durante o governo golpista de Michel Temer e pela ofensiva antipopular, e essencialmente antissindical do governo do neofascista Jair Bolsonaro.
Fonte: Dieese