Na manhã desta quinta-feira (14), iniciou-se a Cúpula do G20 Social no Rio de Janeiro, marcando o começo de um evento inédito que visa ampliar a participação da sociedade civil nas discussões do G20. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) autogeriu a mesa “Os desafios da classe trabalhadora frente à reforma da governança global e as ameaças de guerra” com o presidente Adilson Araújo e Celina Arêas, secretária da mulher trabalhadora da CTB, participou da mesa do Fórum Nacional de Mulheres sobre “Superação das desigualdades entre mulheres e homens – A relevância da lei de igualdade salarial”.
Adilson Araújo, liderou as discussões, destacando a importância do momento histórico atual para a classe trabalhadora e as forças democráticas em todo o mundo. Em seu discurso, Araújo abordou a crise geral do capitalismo, que ele caracterizou como sendo tanto econômica quanto geopolítica.
Araújo enfatizou em sua fala a decomposição da ordem imperialista mundial liderada pelos EUA, instituída após a Segunda Guerra Mundial, o que tem originado um processo de transição geopolítica conturbado e imprevisível. Ele apontou para a notória decadência dos EUA e das potências capitalistas que compõem o G7, contrastando com a ascensão da China e do BRICS, que agora soma um PIB superior ao do G7.
O presidente da CTB também alertou para o acirramento das lutas de classes, dos choques entre capital e trabalho, e especialmente das tensões e conflitos internacionais, que podem conduzir o mundo a uma catástrofe nuclear. Ele destacou ainda a crise ambiental e climática como um fator agravante do quadro global. Araújo criticou a ofensiva das classes dominantes contra a classe trabalhadora e o movimento sindical, mencionando a imposição de uma agenda de destruição e flexibilização de direitos trabalhistas, precarização do mercado de trabalho e redução da participação dos salários nos PIBs em quase todo o mundo.
Ronaldo Leite destaca a importância da agricultura familiar e os desafios da automação no mercado de trabalho
O secretário-geral da CTB, Ronaldo Leite, e o presidente da CTB-RJ, Paulo Farias, participaram da mesa “Transições no mundo do trabalho”. Durante o evento, Leite ressaltou a relevância da agricultura familiar para a segurança alimentar e a sustentabilidade no Brasil, sendo responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos no país. Ele também alertou sobre os impactos da automação, que pode resultar na perda de milhões de empregos até 2030. Para enfrentar esse desafio, defendeu investimentos em programas de qualificação profissional e enfatizou a necessidade de fomentar energias renováveis e infraestrutura sustentável, visando uma economia mais verde e inclusiva.
“A CTB saúda os povos em luta, homens e mulheres da classe trabalhadora brasileira e todas as representações das centrais sindicais. Nossa opinião para o atual momento de radicalização da luta de classes, da constante ameaça de guerras, da usurpação das riquezas naturais pelas potências imperialistas, e afirmar, é reafirmar nossa posição clara e inconfundível contra o sistema capitalista. O capitalismo só gera guerras, miséria e fome. Por isso a classe trabalhadora precisa se conscientizar que o caminho é o socialismo. Aqui no Brasil, na atual quadra política, a nossa luta é impedir o avanço da pauta regressiva, é defender a pauta eleita nas eleições de 2022, e lutar por um projeto nacional de desenvolvimento soberano. A mídia golpista não pode impor a pauta do governo, a CTB considera um equívoco a opção pela austeridade e cortes em gastos sociais. Para superar os atuais gargalos na economia brasileira, a opção deve ser aumentar o investimento público, reduzir os juros, gerar empregos e distribuir renda e a riqueza nacional”, disse Paulo Farias.
Fotos: André Oliveira.
A Cúpula do G20 Social, que ocorre até sábado (16), inclui uma série de atividades voltadas para promover propostas que serão apresentadas aos líderes mundiais durante a Cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19.