Alemanha testa sistema de 4 dias de trabalho e tem veredicto claro: mais de 70% das empresas não voltará para semana tradicional de 5 dias

Créditos: Unplash (Nate Johnston, Kevin Woblick).

 Alemanha concluiu seu teste piloto da semana de trabalho de quatro dias. Os resultados confirmam os dados de testes realizados em outros países.

Por Vitor Conceição

A redução das horas de trabalho está atualmente no centro do debate no mercado de trabalho global. A Alemanha acaba de concluir seu experimento sobre a semana de trabalho de quatro dias e já tem resultados preliminares: 73% das empresas participantes não querem mais voltar à semana de trabalho de cinco dias.

O experimento alemão para implementar a semana de trabalho de quatro dias começou no final de 2023. A forma em que o governo do país colocou o teste à prova seguiu o modelo 100-80-100 (100% de salário, 80% de horas de trabalho e 100% de desempenho) auditado pela organização 4 Day Week Global, que já obteve bons resultados no Reino Unido e no teste de Valência.

Como nos testes anteriores, o projeto consistiu em duas fases: uma fase de análise e otimização do processo de seis meses e uma fase em que, após a implementação das mudanças, a semana de quatro dias começou por mais seis meses, reduzindo a jornada de trabalho normal em 20%.

Semanas que nem sempre são de quatro dias

O objetivo final do experimento alemão era testar diferentes modelos de implementação para a redução do tempo de trabalho, de modo que nem todas as empresas participantes optaram por trabalhar quatro dias e fechar no quinto dia. Em vez disso, elas aplicaram fórmulas diferentes para a distribuição do tempo de trabalho reduzido.

Algumas empresas optaram por reduzir a jornada de forma assíncrona entre as equipes, de modo que o departamento permaneça operacional com algumas pessoas a menos por dia. Outras optaram por uma semana de trabalho de 4,5 dias, ampliando proporcionalmente os feriados dos funcionários que a aplicaram.

45 empresas em um amplo espectro

A fim de tornar o teste o mais representativo possível da realidade que seria enfrentada pela comunidade empresarial alemã no caso de uma redução nas horas de trabalho, as empresas participantes do projeto variaram de microempresas com 1 a 9 funcionários a grandes corporações com mais de 250 funcionários.

Também se buscou uma ampla representação de sua atividade econômica. Participaram empresas de manufatura, seguros, tecnologia, mídia, comércio e educação.

73% permaneceram durante os quatro dias

A descoberta mais imediata após a conclusão do teste piloto é que 73% das empresas participantes manterão as horas de trabalho reduzidas da forma como as implementaram. Dentro desse grupo, 20% farão pequenos ajustes, mas os manterão na maioria. Apenas 20% das empresas participantes afirmaram que voltariam ao modelo anterior. 7% das empresas estão indecisas quanto a voltar ou não ao modelo anterior.

Fazendo mais em menos tempo

O teste alemão apresentou resultados muito semelhantes aos dos experimentos anteriores em Valência, Portugal, Reino Unido ou África do Sul em termos de produtividade. Isso, de fato, não é uma boa notícia para a Alemanha, que tem uma taxa de produtividade insuficiente. Os números fornecidos pelas empresas sugerem que, em termos de produtividade, as empresas permaneceram nos mesmos níveis ou aumentaram ligeiramente após a redução das horas de trabalho.

O motivo: 60% das empresas reduziram a frequência e a duração de suas reuniões e 25% incorporaram novas ferramentas digitais para otimizar seus processos. As percepções de produtividade aumentaram entre os funcionários durante o experimento, assim como seu ritmo de trabalho, mas sua carga de trabalho foi reduzida devido às otimizações implementadas.

Bem-estar do funcionário

No nível de satisfação no trabalho, o experimento de trabalho segue as mesmas linhas de seus predecessores internacionais. Cinquenta por cento dos funcionários responderam que seu bem-estar havia melhorado muito ou bastante. Treze por cento disseram que havia melhorado em alguns aspectos e 31% disseram que havia melhorado um pouco durante o teste. Apenas 6% não perceberam nenhuma melhora.

Os dados mostraram que a satisfação do funcionário melhorou, com os funcionários relatando que dormiam em média 38 minutos a mais por semana e praticavam mais esportes. Isso se refletiu em níveis mais baixos de estresse durante a semana e um aumento de oito pontos na retenção de funcionários.

 

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