Fuja das Bets: pessoas físicas poderão investir no Finapop, financiamento que auxilia cooperativas da reforma agrária

Finapop concedeu crédito para cooperativas que produzem arroz orgânico no Rio Grande do Sul - Tiago Giannichini.

Plataforma de investimentos está no ar há 4 anos e permite, a partir desta quinta, aporte de pessoas físicas com R$ 100

Em atividade há quatro anos, o Financiamento Popular para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop), lançou nesta quinta-feira (17) uma nova fase para ampliar a condição de crédito de cooperativas da agricultura familiar em áreas de reforma agrária no Brasil.

Agora, pessoas físicas poderão realizar investimentos a partir de R$ 100 reais, obtendo remuneração pré-fixada de 11% de juros ao ano. Até então a plataforma estava voltada apenas para pessoas jurídicas.

O dinheiro aportado na plataforma é destinado a uma organização escolhida pelo próprio investidor. Esse montante se reverte diretamente à cooperativa como forma de crédito para realizar melhorias ou investimentos na produção. Enquanto o valor estiver aplicado, ele vai render numa taxa acima da poupança.

“A questão do crédito é uma pauta que está desde sempre na luta pela reforma agrária e também na agricultura familiar como um todo. O crédito, seja ele institucional, de políticas públicas, dos bancos ou das instituições financeiras, ele sempre foi muito restrito para o pequeno agricultor, para a agricultura familiar e, sobretudo, para os territórios de reforma agrária”, explica diretor-executivo do Finapop, Luis Costa, em entrevista ao programa Bem Viver desta quinta-feira (17).

Nestes quatro anos, a plataforma já viabilizou 109 financiamentos, totalizando R$ 70,2 milhões, distribuídos entre 61 cooperativas e associações das áreas de reforma agrária.

“Muitas dessas cooperativas já concluíram os seus investimentos e devolveram o recurso que foi novamente emprestado para novas associações, novos projetos. Todas as cooperativas que acessaram crédito, elas vêm pagando regularmente”, celebra Costa.

Como participar?

O investimento acontece de forma completamente virtual. A pessoa interessada deve acessar o site da plataforma, fazer um cadastro cedendo informações pessoais e depois tem a possibilidade de escolher qual iniciativa deseja apoiar.

“Os projetos ficam disponíveis, eles estão com todas as suas informações, com toda a caracterização da cooperativa que está propondo, com as condições do crédito, prazo de retorno, prazo de carecia, quando é o caso, taxa de juros e tudo mais”, explica.

“Depois de ter lido todas as informações, fazer seu investimento, gera ali um boleto ou um o pix, ela passa a fazer parte do investimento daquela cooperativa”.

“Na nossa plataforma, hoje, as propostas estão com essa média de juros de 11%, são juros que têm incidência de imposto de renda, então, vai ter um descontinho na hora do recebimento pelo investidor, mas, eles ficam acima da poupança”.

Entre os desafios para aumentar o alcance da plataforma, o diretor-executivo cita a alta da taxa de juros no país.

“A gente aqui tem um grande desafio no Brasil, que é a taxa de juros alta, bastante elevada e incompatível aí com o desenvolvimento econômico, sobretudo para os pequenos negócios, para as cooperativas, para os trabalhadores”.

Luis Costa defende que o objetivo não é “estar competindo com outros produtos, outros títulos de mercado”.

Segundo ele, “o objetivo central aqui é a gente poder financiar e proporcionar melhores condições de trabalho, de geração de renda e produção de alimentos saudáveis para a agricultura familiar nos territórios de reforma agrária.”

Exemplos 

Entre os projetos apoiados pelo Finapop, alguns já são conhecidos do público e amplamente encontrados nas prateleiras de mercados que comercializam produtos de cooperativas da reforma agrária, como é o caso do café Guaií, já premiado em diversos espaços de gastronomia

Hoje, porém, o Finapop tem abrangência nacional, alcançando iniciativas nas cinco regiões do país.

“Nós temos projetos, por exemplo, em Pernambuco para a fabricação de farinha mandioca. A cooperativa apresentou uma demanda de melhorar o seu processo de embalagem então, com isso, conseguiu ter mais acesso a mercados e vender o seu produto de uma forma mais atrativa”.

“Nós temos projetos na região sul do Brasil, na produção do arroz orgânico, na produção de leite. Temos projetos também relacionados à produção de grãos aqui em São Paulo”, conclui.

Informações: Brasil de Fato.

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