A aprovação foi unânime na Comissão de Assuntos Econômicos, com 26 votos favoráveis à indicação e nenhum contrário. No plenário, a votação foi realizada também na tarde desta terça-feira (8) e o apoio foi também amplo: votaram 66 senadores e foram registrados apenas 5 votos contra e nenhuma abstenção.
Galípolo deve assumir a presidência do BC em 2025, sucedendo o atual presidente da autoridade monetária, o bolsonarista Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra no dia 31 de dezembro de 2024.
Nova orientação no BC?
Durante a sabatina, Galípolo defendeu que o Banco Central não deve “virar as costas ao poder democraticamente eleito”, sinalizando uma conduta distinta da que prevaleceu desde que Lula assumiu o governo em janeiro de 2023.
Em sua opinião, a orientação do BC deve refletir também “as metas e objetivos estabelecidos pelo poder democraticamente eleito. Uma vez estabelecida, cabe ao BC perseguir essa meta (no caso, a meta de inflação”. Esta é a definição que existe”, disse Gabriel Galípolo.
Diferentemente, o bolsonarista Campos Neto atuou não só como um vassalo do mercado financeiro, mas igualmente como um bolsonarista empenhado em sabotar o projeto desenvolvimentista do governo, mantendo no Brasil as taxas de juros reais mais altas do mundo.
Com a Selic no patamar atual e os spreads cobrados pelos bancos fica muito difícil senão impossível concretizar o desenvolvimento nacional. A presidência atual do BC está condenando a economia à estagnação e agravando a situação das famílias endividadas.
Em uma sabatina tranquila, na qual Galípolo respondeu a questões amenas dos senadores – mesmo dos parlamentares oposicionistas –, o atual diretor de Política Monetária do BC assegurou que pautará sua atuação à frente do banco pela total “liberdade” e compromisso com os interesses do país.
Galípolo afirmou, ainda, que jamais sofreu qualquer tipo de pressão por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que sua relação com o petista que o indicou é “a melhor possível”.
Agiotagem institucionalizada
Conforme denunciou o senador Marcelo Castro (MDB-PI), em discurso no plenário da Casa nesta terça-feira (8) “as taxas de juros cobradas pelos bancos são mais altas do que as cobradas pelos agiotas brasileiros”, situação que o também senador Eduardo Braga (MDB-AM) classificou de “vergonha nacional”. É preciso dar um basta nisto.
A expectativa das forças progressistas é que o indicado do Lula, após assumir, mude a orientação predominante hoje no Banco Central e seja sensível ao anseio nacional por juros civilizados e crescimento robusto da economia.