Em um evento realizado em Nova York no dia 27 de setembro de 2024, a Secretária da Juventude da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil da Bahia (CTB-BA) e Secretária de Meio Ambiente da FETAG-BA, Marisa Alves da Silva, em um importante debate sobre mudanças climáticas e a ação sindical no Brasil e nos Estados Unidos. Transmitido ao vivo, o evento foi promovido pelo Labora – Fundo Brasil, Climate Jobs – National Research Center, ILR – Climate Jobs Institute, Solidarity Center e DIEESE.
O encontro discutiu as experiências sindicais dos dois países em relação às mudanças climáticas e os impactos diretos sobre os trabalhadores. Marisa Alves destacou a atuação do sistema sindical para mitigar esses impactos no setor que representa. Ela mencionou como o Movimento dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares, tem pautado ações de negociação de políticas públicas para enfrentar os desafios ambientais nas esferas federal, estadual e municipal.
Marisa também ressaltou os esforços da CONTAG em promover seminários voltados para dirigentes sindicais sobre mudanças climáticas e agricultura familiar. Durante sua fala, Marisa abordou a negociação do plano safra da agricultura familiar e os desafios impostos pela transição energética.
Ela alertou para os efeitos adversos que essa transição está causando nas comunidades tradicionais e na agricultura familiar. Entre os problemas destacados estão contratos abusivos, o barulho gerado por aerogeradores e os impactos psicológicos nas comunidades próximas, além do desmatamento da caatinga para a instalação de torres e a ameaça a espécies endêmicas, como a arara-azul-de-lear.
Marisa enfatizou a importância da transição energética para reduzir o uso de combustíveis fósseis na matriz energética, mas destacou que essa mudança não deve ocorrer à custa de povos historicamente explorados.
“Os agricultores familiares hoje não têm controle sobre como e quando plantar. As mudanças climáticas tornaram imprevisíveis os ciclos de plantio e colheita. Antes, sabíamos que, em março, plantaríamos nossos grãos e teríamos uma boa colheita. Hoje, não temos mais essa certeza”, relatou Marisa, compartilhando a dificuldade enfrentada pelos agricultores familiares.
Ela citou uma campanha da CONTAG que questiona: “será que vai chover?”, refletindo a incerteza climática que afeta diretamente 64% da população brasileira alimentada pela agricultura familiar. Embora o agronegócio produza em grande escala, essa produção destina-se, em sua maioria, à exportação.
A CONTAG, em conjunto com a FETAG, tem trabalhado na negociação com o governo para mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre os agricultores. “Temos plena consciência da importância da transição energética, mas precisamos garantir que isso não prejudique os agricultores e as comunidades tradicionais”, concluiu Marisa.
O evento evidenciou como a ação sindical é crucial na luta por políticas que respeitem tanto a necessidade de desenvolvimento sustentável quanto os direitos dos trabalhadores e comunidades afetadas pelas mudanças climáticas.