Em contraste com o entusiástico apoio que desfruta nos círculos da aristocracia financeira internacional, o neofascista Javier Milei, presidente da Argentina, está a cada dia mais isolado e em baixa no infeliz país que hoje governa.
Pesquisa da Universidade Torcuato Di Tella divulgada segunda-feira (23) revela que o Índice de Confiança Governamental (ICG) caiu nada menos que 15% em setembro em relação ao mês anterior.
Em uma escala de 0 a 5, Milei, que considera a ONU “socialista”, recebeu uma nota de 2,16 pontos, um índice inferior aos registrados pelos seus antecessores, os ex-presidentes Mauricio Macri e Alberto Fernández. Ou seja, já é um campeão em matéria de impopularidade.
Não é de estranhar.
O neoliberalismo exacerbado que Milei vem impondo à Argentina ampliou a miséria e o sofrimento do povo, destruiu direitos e empregos, arrochou salários e aposentadorias e aprofundou a crise econômica.
A classe trabalhadora vem realizando enérgicos protestos, incluindo duas greves gerais.
O governo neofascista responde com uma truculenta repressão, como ocorreu recentemente com uma multidão de aposentados que protestaram contra a redução do valor das aposentadorias.
Milei mandou polícia barbarizar manifestação pacífica de aposentados dia 28 de agosto diante do Congresso Argentino. Foto: AFP
A economia recuou 1,7% no segundo trimestre, indicando o agravamento da recessão. .
Foi a quinta contração trimestral anualizada consecutiva da produção no país e o terceiro declínio trimestral em relação ao trimestre anterior.
A construção civil caiu 22,2%, a manufatura 17,4% e a atividade varejista 15,7%, segundo as informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC).
Mas, por força da dialética capitalista, o mesmo fator que causa a infelicidade das massas motiva a alegria nos círculos da alta burguesia e, especialmente, entre ociosos e privilegiados rentistas.
A tragédia econômica causada pelo pacote fiscal recessivo do governo é muito lucrativa para o sistema financeiro.
As ações de bancos argentinos dispararam no acumulado do ano, conforme reportagem da InfoMoney.
A holding argentina Grupo Supervielle (SUPV), que fornece produtos e serviços bancários para os hermanos, disparou 469,50% nos últimos 12 meses, enquanto Banco Macro (BMA) e o Grupo Financeiro Galicia (GGAL) subiram 430% e 410%, respectivamente. Já o Banco BBVA Argentina viu suas ações valorizarem 300% no mesmo período. Os dados são da plataforma TradingView.
A compreensível euforia do sistema financeiro com o neofascista que chamam condescendentemente de “libertário” ou “exótico” (com o concurso da mídia burguesa) e a indignação crescente com o mesmo cidadão por parte da classe trabalhadora e do povo argentino são duas faces da luta de classes na atual conjuntura do país de Che Guevara e Maradona.
A crise mostra também o completo divórcio entre os interesses e os projetos das classes dominantes e as necessidades e anseios da esmagadora maioria do povo argentino.
A eleição do aventureiro neofascista está se revelando uma experiência amarga para o povo, a exemplo do que ocorreu aqui com a eleição e o funesto governo do também neofascista Jair Bolsonaro.