Grito dos Excluídos celebra 30 anos em defesa da ‘verdadeira independência’

‘Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?’ é o lema de 2024

Trinta anos após surgir com o lema “Vida em Primeiro Lugar”, o Grito dos Excluídos comemora seu aniversário. O espaço de denúncia das desigualdades sociais históricas no país reúne dezenas de movimentos sociais e pastorais católicas. Para celebrar a ocasião, a organização da atividade prepara uma mobilização massiva em várias regiões do país no dia 7 de setembro deste ano, sob o mote “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”. Os detalhes foram apresentados nesta terça-feira (3) pelos organizadores.

Dom Valdecir Santos Mendes, presidente da Comissão Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou o caráter permanente e processual da atividade, que envolve a mobilização de dezenas comunidades por todo o país. “O grito é um processo e, portanto, ele é permanente. Ele deve acontecer a cada dia a cada momento da nossa e de modo especial onde as comunidades estão sendo ameaçadas.”

Ele falou das expectativas em relação as mobilizações neste ano. “Que esse grito possa ecoar a partir do chão, do chão dos povos tradicionais, dos povos indígenas, a partir do chão das periferias das nossas cidades, a partir do chão do povo em situação de rua, a partir dos lavradores e lavradoras, trabalhadores e trabalhadores da agricultura familiar, a partir dos pescadores tradicionais. O grito é um compromisso com a vida”, ressaltou.

Alessandra Miranda, da coordenação nacional do Grito dos Excluídos, também remarcou o processo pelo qual a atividade é construída, e a diversidade dos movimentos e organizações que se somam em sua construção, unidas em torno da superação do sistema de exploração que assola a sociedade. Segundo ela, essa diversidade impõe desafios, mas também gera uma profusão de boas ideias e reflexões profundas sobre o que fazer.

“Quando a gente fazia a discussão sobre o tema do Grito deste ano de 2024, a gente queria muito que pudéssemos fazer primeiro a pergunta para a gente. Todas as formas de vida importam, mas quem se importa? Então é importante a gente, aos 30 anos, dizer assim: a gente se importa. E a gente não está dizendo isso da boca para fora, porque é o nosso compromisso, o nosso testemunho. Tudo o que a gente viveu nesses 30 anos reafirma que a gente se importa, mas a gente precisa provocar quem não se importa e que tem a obrigação de se importar”, disse Miranda.

A representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Lenora Rodrigues, levou à discussão as graves violações de direitos cometidas contra populações tradicionais e lutadores pelo direito à terra. Segundo ela, a CPT registou 281 conflitos por terra apenas na chamada região do Matopiba, que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, em 2023. E mencionou a luta contra o marco temporal, que também será pauta de mobilizações do Grito dos Excluídos em todo o país. “A CPT segue firme na caminhada junto aos povos das terras, das águas e das florestas. Não ao marco temporal! Essa é uma luta ancestral, e é uma luta de todos nós”, destacou.

Informações: Brasil de Fato.

 

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