Assédio Eleitoral: um crime contra a democracia

Foto: TRE.

As eleições brasileiras são reconhecidas como um dos processos democráticos mais abrangentes do mundo, onde o direito ao voto é garantido a todo cidadão maior de 18 anos até os 70, independentemente de classe social, sendo facultativo a partir dos 16 anos e após os 70.

Entretanto, a história do Brasil sempre foi marcada pela influência das classes dominantes sobre a sociedade, impondo seu controle político, muitas vezes vinculado ao atraso econômico e social.

Uma ruptura importante com esse atraso foi a Revolução de 1930, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas. Embora controversa, a revolução abriu as portas para o florescimento de um projeto nacional de desenvolvimento, trazendo novas perspectivas para a sociedade brasileira.

Em fevereiro de 1932, a conquista do voto feminino representou mais um passo importante, incorporando as mulheres nesse processo vital para a democracia brasileira. Somente em 1985, com uma emenda constitucional, os analfabetos também conquistaram o direito ao voto.

A industrialização transformou o Brasil, que se urbanizou e formou grandes centros econômicos. Essa mudança impulsionou uma efervescência política e social, despertando a necessidade de uma participação mais organizada da classe trabalhadora em busca de seus direitos.

As organizações sindicais e os partidos de esquerda historicamente serviram como ferramentas para amplificar as lutas da classe trabalhadora por seus direitos econômicos, políticos e sociais. Entretanto, essas lutas nunca foram aceitas pacificamente pelas classes dominantes, que sempre buscaram manter o controle da política brasileira. Quando não conseguiam, tentavam combater e destruir projetos alternativos. Isso se repetiu ao longo da história com figuras como Getúlio, Juscelino, Jango, Lula e, mais recentemente, com Dilma em 2016.

Uma das ferramentas usadas por setores retrógrados é o assédio eleitoral. Esse instrumento, que varia conforme a época e o local, tem o objetivo comum de manter o controle sobre o processo político. Foi assim com os coronéis do nordeste, os fazendeiros do sul e sudeste, e os grandes empresários, que se acham no direito de influenciar a opinião daqueles que já são diariamente explorados pelo capital.

Nas últimas eleições, essa prática foi intensificada pelos setores conservadores, que reuniram e ameaçaram seus empregados, pressionando-os a votar no candidato apoiado por eles, sob ameaça de perda do emprego e outros tipos de punição.

O assédio eleitoral é um crime e precisa ser denunciado. Para combater essa prática, as Centrais Sindicais, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, estão desenvolvendo uma campanha e criando uma plataforma para que trabalhadores e trabalhadoras possam denunciar esse tipo de abuso, garantindo que essas práticas sejam coibidas e os responsáveis, punidos. O lançamento dessa campanha será no próximo dia 3 de setembro, às 10h, pela plataforma do YouTube.

Precisamos avançar na construção de instrumentos mais sólidos em defesa da democracia e da liberdade de expressão do nosso povo, para podermos construir uma maioria política comprometida com um novo projeto de nação e a valorização do trabalho.

Guiomar Vidor – Presidente da CTB RS e Fecosul

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