A mídia imperialista continua apresentando os países imperialistas do que era chamado de 1º Mundo, especialmente na Europa, como modelos de democracia bem sucedidas e de bem estar social.
Mas, a realidade crítica do capitalismo, acentuada pelo neoliberalismo, deixa esta falsa imagem cada vez mais distante da miserável paisagem.
É o caso da França, onde mais de 2.000 crianças, jogadas na extrema pobreza, são condenadas a dormir nas ruas, situação que despertou indignação na Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Situação piora ano a ano
“É inaceitável, não podemos aceitar que uma sociedade trate suas crianças dessa maneira”, disse à AFP a representante da agência da ONU na França, Adeline Hazan.
Trata-se de uma “violação flagrante dos princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança” ratificada pela França, denunciou ela.
“Estamos muito preocupados em ver que, longe de melhorar, a situação está piorando a cada ano e é uma tragédia quando acontecem as consequências desastrosas na saúde mental e na educação”, acrescentou.
De acordo com a pesquisa, pelo menos 2.043 crianças – incluindo 467 com menos de três anos de idade – foram deixadas na noite de 19 para 20 de agosto sem uma solução de moradia depois que suas famílias ligaram para o número de emergência para desabrigados.
Isso é menos do que as 3.000 crianças registradas em outubro de 2023, mas é um número sem precedentes para esse período, com um aumento de 3% em relação a agosto de 2023, 27% em relação a 2022 e 120% em relação a 2020 .
“Alarmante”, insiste a Unicef França, pois o número de 2.000 crianças não leva em conta aquelas que não se ligam ao número de emergência – crianças que vivem em bairros com moradias precárias ou crianças desacompanhadas.
Extrema direita
O cenário alarmante relatado pela agência da ONU compõe o retrato de uma potência decadente e prepotente, prostrada pela estagnação econômica e a polarização social, onde os ricos estão a cada dia mais ricos e os pobres cada vez mais afogados na miséria.
O governo neoliberal de Emmanuel Macron, hoje completamente desacreditado, agravou a situação impondo à classe trabalhadora o aumento da idade mínima para aposentadoria, o que gerou uma jornada de vigorosos protestos liderados pelo movimento sindical.
Pelo andar da carruagem é de se supor que não haverá uma solução positiva para a crise nos marcos do capitalismo.
Nos excrementos da crise que dilacera as entranhas do sistema capitalista viceja a extrema direita e avança a polarização política anunciando um duelo entre barbárie e socialismo.
Foto: © UNICEF/Inti Ocon/AFP-Services