PIB do país despencou 5,1% no 1º trimestre
Queridinho dos mercados financeiros por defender e impor ao país um brutal ajuste neoliberal, o presidente e líder da extrema direita argentina, Javier Milei, anda sonhando com o Prêmio Nobel da Economia, mas o resultado concreto de seu governo, orientado pela concepção reacionária de Estado mínimo, vai se revelando um desastre.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina desabou, Caiu 5,1% nos três primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2023. Desta forma, a economia afundou no que os economistas definem como recessão técnica, configurada quando a atividade econômica de um país recua por dois trimestres seguidos.
Desemprego e miséria em alta
A depressão da produção, como era de se esperar, vem acompanhada do avanço do desemprego e da miséria.
A taxa de desemprego subiu de 5,7% para 7,7% no primeiro semestre, o que significou um incremento de 300 mil trabalhadores e trabalhadoras na legião de desempregados, que na definição do filósofo Karl Marx constitui o exército industrial de reserva usado pelo capital para arrochar salários e aumentar o grau de exploração da força de trabalho.
O consumo privado caiu 6,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o consumo público recuou 5%. Em março, o consumo de carnes no país onde o churrasco era uma tradição desceu ao menor patamar em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.
A situação crítica do mercado de trabalho, a inflação acumulada em 276,4% e a intensificação da crise econômica no país já colocaram 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Indec.
Colapso dos investimentos
A retórica do governo neofascista, mascarado de libertário pela mídia neoliberal, prometia uma elevação do nível de confiança dos agentes econômicos e, por extensão, dos investimentos estrangeiros, mas a aprovação do mercado financeiro e do FMI ao pacote de iniquidades não significou nada disto.
Os investimentos retrocederam nada menos que 23% no primeiro trimestre, a construção registrou queda recorde de 19,7% e a indústria de transformação fechou com -13,7%.
Mas, o delirante líder da extrema direita parece estar vivendo em outra realidade. Na noite desta segunda-feira (24), durante um “giro” pela Europa, ao receber um prêmio do Instituto Liberal da República Tcheca (ligado à extrema direita), Milei sugeriu que merece o Prêmio Nobel de Economia pelos resultados da política econômica que está impondo ao sofrido povo argentino.
Estado mínimo
Munido da surrada crítica neoliberal à intervenção do Estado na economia, o extravagante presidente argentino, que gosta de se definir como um anarcocapitalista, aplicou na Argentina um ajuste fiscal inspirado no mais fiel fundamentalismo neoliberal.
Determinou a paralisação de obras federais e a interrupção do repasse de recursos para os estados, com o intuito de reduzir os gastos públicos.
Acabou com os subsídios para tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais, provocando forte aumento dos preços cobrados por esses serviços.
O governo também promoveu demissões em massa no setor público.
A redução do déficit público teve por contrapartida o aumento da pobreza e a piora no consumo.
É compreensível, por isto, que o neofascista Milei desfrute do apoio da oligarquia financeira internacional, a cujos interesses ele serve, mas enfrente, em contrapartida, a forte oposição da classe trabalhadora e seus representantes no movimento sindical, que já lideraram duas exitosas greves gerais contra o governo da extrema direita que ingressou na Casa Rosada em dezembro do ano passado.