Debilitado financeiramente após a reforma trabalhista do golpista Michel Temer e sob ataque cerrado das forças reacionárias o movimento sindical brasileiro continua perdendo representatividade. De acordo com estatísticas do IBGE, no ano passado o número de trabalhadores e trabalhadoras associadas aos sindicatos caiu a 8,4 milhões em 2023, o mais baixo da série histórica iniciada pelo IBGE em 2012.
Registrou-se um recuo de 7,8% em relação a 2022. O percentual de trabalhadores sindicalizados também é o mais baixo da história.
Veja os números
Em 2023, dos 100,7 milhões de ocupados do país, 8,4% (8,4 milhões de pessoas) eram associados a sindicatos.
Esse foi o menor contingente e o menor percentual da série iniciada em 2012, quando havia 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados (16,1%).
Na comparação com o ano anterior, houve queda de 7,8%, ou de 713 mil pessoas. Em 2022, eram 9,1 milhões de sindicalizados, 9,2% do total de ocupados.
Em relação a 2012, as maiores quedas na taxa de sindicalização foram nos grupamentos de transporte, armazenagem e correio, com -12,9 p.p. (passando de 20,7% para 7,8%), indústria geral, com -11,0 p.p. (de 21,3% para 10,3%) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com -10,1 p.p. (de 24,5% para 14,4%).
Entre os 29,9 milhões de empregadores e trabalhadores por conta própria do país, 9,9 milhões (ou 33,0%) estavam em empreendimentos registrados no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), apontando queda em relação a 2022 (34,2%), mas ainda a segunda maior taxa da série histórica.
A retração da cobertura no CNPJ, em 2023, indica que ela ocorreu entre os trabalhadores por conta própria (de 26,3% para 24,9%). Por outro lado, os empregadores mantiveram sua estimativa estável (de 80,9%), aumentando a diferença entre os dois grupos no que tange à formalização.
Em 2023, dos 29,9 milhões de pessoas ocupadas como empregador ou trabalhador por conta própria, apenas 4,5% eram associadas à cooperativa de trabalho ou produção, menor percentual da série histórica. Com 7,7% em 2023, a Região Sul registrou os maiores valores, entre todas as grandes regiões, em todo o período.
Em 2012, quando a população ocupada era formada por 89,7 milhões de pessoas, havia 14,4 milhões de sindicalizados, número que cresceu 1,4% no ano seguinte. Depois desse aumento e de uma variação positiva em 2015, a sindicalização enfrentou sucessivas quedas, com destaque para 2016, quando houve retração também no número de ocupados. Nos anos seguintes, mesmo com a recuperação do mercado de trabalho, o número de pessoas associadas a sindicados seguiu caindo, o que resultou na menor taxa de sindicalização da série histórica (8,4%) em 2023. A pesquisa mostra ainda que em 2023 a população ocupada atingiu sua maior estimativa, com acréscimo de 1,1% em relação a 2022 e de 12,3% ante a população de 2012.
Reforma trabalhista
Na comparação com o ano anterior, a taxa de sindicalização caiu em dois grupos que têm, ao longo da série histórica, maiores percentuais de trabalhadores sindicalizados: os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, cuja taxa passou de 11,0% para 10,1%, e dos empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar), de 19,9% para 18,3%. Para os pesquisadores, isso indica que a queda na sindicalização atinge todos os segmentos da ocupação, sejam públicos ou privados.
O IBGE chamou a atenção ainda para a queda mais acentuada da sindicalização entre os jovens. Na faixa etária de 18 a 24 anos, a população ocupada recuou 8,7% no Brasil — refletindo tanto efeitos demográficos, como o envelhecimento dos brasileiros e o avanço do ensino, que leva os jovens a ingressarem mais tarde no mercado de trabalho. No mesmo período, o número de trabalhadores sindicalizados nessa faixa etária recuou 73,4%.
“De modo geral essa população mais jovem se insere no mercado de trabalho através de vínculos mais frágeis, muitas vezes na informalidade, ou em trabalhos intermitentes, com maiores rotatividades, o que leva ao menor número de associações”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE.
“A redução do percentual de sindicalizados se intensifica em 2017, ano em que a nova legislação trabalhista entrou em vigor e que coincide bem com essa variação mais acentuada”, diz William Kratochwill, gerente da pesquisa.
O gráfico do IBGE mostra que os sindicatos vêm perdendo sócios desde 2016, ano do golpe travestido de impeachment que teve por objetivo principal destruir o Direito do Trabalho, enfraquecer o movimento sindical e aumentar o grau de exploração do capital sobre a classe trabalhadora brasileira.
Fonte: IBGE
Foto: Paulo-Pinto-Agencia-Brasil