Sindicarne promete greve contra patrões

Foto: sindicarne.

Após três rodadas de negociação, os patrões das empresas de abate animal se mostraram intransigentes. Por conta disso, o Sindicarne-BA tem realizado assembleias em várias unidades industriais em todo o estado. A entidade reivindica como reajuste a reposição da inflação e ganho real de 4%, abono salarial, mais duas cestas básicas durante o ano, e nas cestas Junina e Natalina (nesses meses, dobrar o valor), plano de saúde e implantação de Programa de Cargos e Salários.

“Nossa data-base é 1º de maio e os patrões só ofereceram a reposição da inflação. Ainda se negam a discutir as cláusulas sociais. Teremos nova rodada de conversa nesta terça (11) e estaremos mobilizando a categoria na capital e no interior. Caso a negociação não avance, vamos começar a fazer paralisações para construir uma greve em todo o setor”, afirma o presidente da entidade, Ronielson Oliveira.

Segundo o dirigente, essa posição das empresas se choca com a realidade do setor. “Os frigoríficos ganharam muito dinheiro no ano passado e o setor vai bem economicamente. Por isso, a categoria tem rejeitado as propostas patronais. Queremos reverter algumas situações absurdas, como o pagamento da cesta básica, que as empresas condicionam à assiduidade, e quando alguém vai ao médico e apresenta atestado, é prejudicado nesse benefício. Tem que acabar isso. A categoria sinalizou que, se não avançarem, temos que construir a greve”, enfatizou.

NÚMEROS ANIMAIS

Os números recentes mostram que é injustificável a intransigência patronal. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com base nos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Em março, as exportações de carne bovina do Brasil, considerando carne in natura, processados e miúdos, avançaram 27% comparado ao mesmo mês de 2023: de 162,77 mil toneladas saltou para 206,05 mil. Quanto ao faturamento, a receita alcançou US$ 856,9 milhões de dólares, valor 21% acima dos US$ 709 milhões de março do ano passado.

Segundo a entidade, no primeiro trimestre de 2024, as exportações de carne bovina alcançaram 672,33 mil toneladas, representando 35% acima das 498,82 mil toneladas de janeiro a março de 2023. O faturamento acumulado do primeiro trimestre soma US$ 2,712 bilhões de dólares, ante US$ 2,255 bilhões do mesmo período do ano passado (alta de 20%).

Diante desses “números animais”, a greve passa a ser uma forte realidade se os patrões insistirem em ser “carne de pescoço” e querer “cortar na carne” dos trabalhadores, mesmo com tantos resultados positivos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.