De acordo com informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os dados dos rendimentos do trabalho do primeiro trimestre de 2024 apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da renda no segundo semestre de 2023, após relativa estabilidade ao longo do primeiro.
A evolução positiva reflete as medidas adotadas pelo governo Lula para reverter os retrocessos legados pelos governos Temer e Bolsonaro à classe trabalhadora. Cabe destacar, neste sentido, a política de valorização do salário mínimo, que fortaleceu o mercado interno, elevou o consumo das famílias e estimulou o crescimento da produção e do emprego, assim como o aumento real dos salários de quem ganha acima do piso nacional.
Em abril, crescimento de 6,8%
O crescimento interanual da renda habitual média foi de 4,0%. Estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real em abril de 2024 (R$ 3.222,00) foi 3,1% maior que o observado no mês anterior (R$ 3.124,00) e 6,8% superior ao valor de abril do ano anterior, além de 2,6% maior que o valor registrado em dezembro de 2023 (R$ 3.141,00).
Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na comparação com o mesmo período de 2023 foram registrados na região Norte, entre os trabalhadores adultos (40 a 59 anos) e com ensino médio completo. Apenas trabalhadores com ensino fundamental incompleto ou escolaridade inferior apresentaram fraco aumento na renda. O crescimento foi menor para os que habitam no Nordeste, entre os jovens
(14 a 24 anos) e os chefes de família.
Excluindo-se os empregadores, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revelam que, no primeiro trimestre de 2024, os trabalhadores por conta própria apresentaram o maior crescimento interanual da renda, com aumento de 6,9%, retomando os elevados crescimentos da renda após aumento de apenas 1,0% da renda no trimestre anterior. Por sua vez, os trabalhadores do setor público tiveram crescimento de 4,9%, os empregados sem carteira assinada, de 4,4%, e com carteira assinada, 3,0%.
Os menores aumentos da renda ocorreram nos setores de agricultura, construção e serviços profissionais, com elevação interanual da renda habitual de 0,5%, 0,8% e 0,9%, respectivamente. Já os trabalhadores da indústria, transporte e serviços pessoais e coletivos conquistaram um incremento da renda superior a 6,0%.
No primeiro trimestre de 2024, a massa salarial alcançou uma média mensal de R$ 309,7 bilhões, 6,6% ou R$ 19,2 bilhões maior que no mesmo trimestre de 2023 e 0,7% maior que no trimestre anterior (R$ 2,1 bilhões). No trimestre móvel terminado em abril, a massa salarial média habitual foi de R$ 313,1 bilhões, ou 7,9% maior na comparação interanual.
Um importante efeito da pandemia foi o aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho, que saltou de 22,7% no primeiro trimestre de 2020 para 28,7% no segundo. No primeiro trimestre de 2024, a proporção de domicílios sem renda do trabalho situou-se em
23,9%, 0,4 ponto percentual (p.p.) acima do observado no mesmo trimestre do ano anterior.
Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre de 2022 apresentou reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No primeiro trimestre de 2024, o índice de Gini da renda domiciliar caiu para 0,520. Já o índice de Gini da renda individual recuou de 0,495 para 0,490 entre o quarto trimestre de 2023 e
o primeiro trimestre de 2024.