A responsabilidade dos EUA no genocídio em curso na Faixa de Gaza

Por Adilson Araújo, presidente da CTB

O horror na Faixa de Gaza escalou novas dimensões na noite do último domingo (26) quando um bombardeio israelense sobre Rafah provocou um incêndio num acampamento instalado em uma zona humanitária que deixou 45 civis palestinos mortos e 249 feridos.

Testemunhas descreveram corpos carbonizados e em chamas. A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) classificou os relatos como “assustadores”, e considerou em mensagem nas redes sociais que, hoje, “Gaza é o inferno na terra”.

Entre as vítimas do crime hediondo, muitas mulheres, idosos e crianças inocentes e indefesas. O ataque infame e criminoso despertou nova onda de indignação em todo o mundo, mas não sensibilizou os sionistas liderados pelo neofascista Benjamim Netanyahu. A ofensiva assassina na cidade de Rafah prossegue.

Costas largas

A Corte Internacional de Justiça, órgão máximo da Organização das Nações Unidas (ONU) para julgar conflitos internacionais, havia ordenado na sexta-feira (24) que Israel interrompesse todas as operações militares em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Mas, o governo da extrema direita israelense deu de ombros e intensificou a empreitada genocida contra o povo palestino, afrontando a comunidade internacional e os sentimentos humanitários dos povos.

Numa nova evidência do crescente isolamento de Israel no mundo, os líderes da Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram nesta terça-feira (28) o reconhecimento do Estado palestino e declararam esperar que a medida acelere os acordos para um imediato cessar-fogo na região. O número de palestinos e palestinas mortas subiu a mais de 36 mil.

A pressão global contra o genocídio é grande, mas os líderes israelenses dão-se ao luxo de ignorá-la porque têm as costas largas, ou seja, contam com a cumplicidade e proteção da maior e mais agressiva potência militar do planeta, os Estados Unidos.

No dia 24 de abril, o presidente Joe Biden sancionou lei aprovada no dia anterior pelo Congresso que destinou mais US$ 26 bilhões em armas para Israel. A Casa Branca também tem usado reiteradamente seu poder de veto para impedir a aprovação de resolução do Conselho de Segurança da ONU impondo o cessar fogo.

Nova ordem mundial

A verdade que transparece desses fatos é cristalina, embora seja distorcida pelas narrativas ideológicas elaboradas em Washington e disseminadas por políticos e ativistas de direita e extrema direita. Os EUA são co-autores do genocídio levado a cabo pelos sionistas. Esta responsabilidade criminosa ficará registrada na história.

As cenas pavorosas que estão sendo produzidas na Faixa de Gaza refletem a decomposição da ordem mundial imperialista hegemonizada pelos EUA que foi desenhada 80 anos atrás na cidade estadunidense de Bretton Woods e com o correr do tempo envelheceu e caducou.

A necessidade de uma nova ordem geopolítica é uma força objetiva da história, que vai se impondo a despeito da reação violenta e irracional dos EUA e do chamado Ocidente, que está conduzindo a humanidade ao caminho da barbárie e da guerra.

A luta contra o imperialismo, em defesa da paz mundial e do Estado palestino, cobra prioridade e urgência. Diante das atrocidades se faz necessário intensificar a denúncia do genocídio praticado na Faixa de Gaza. Em tempo, reiterar a defesa de uma nova ordem mundial sem hegemonismos, fundada no respeito ao direito de autodeterminação das nações, repúdio à guerra, abolição das armas de destruição em massa e solução pacífica dos conflitos internacionais.

Foto: Reuters

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