Israel promove massacre de civis em Rafah e Abbas pede “intervenção internacional imediata” para interromper genocídio

A destruição do ataque na noite de domingo se tornou aparente na manhã seguinte. Foto: Getty Images / BBC News BrasiL.

Respaldado pelos EUA, o governo da extrema direita israelense prossegue com o genocídio contra palestinos numa afronta à comunidade internacional e à ONU. Um ataque em Rafah provocou um incêndio num acampamento para pessoas deslocadas, em uma zona humanitária, que matou pelo menos 45 civis palestinos , informou o Ministério da Saúde do Hamas.

O gabinete do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, apelou à “ intervenção internacional imediata ” para parar “os crimes e o massacre” em Rafah.

Em protesto, o Hamas disse aos países mediadores nas negociações de cessar-fogo que não participará nas negociações para um acordo de reféns como resultado do “massacre” das FDI em Rafah, disseram fontes no Hamas ao Haaretz.

O Ministério das Relações Exteriores do Qatar disse que o ataque de Israel em Rafah poderia dificultar os esforços de mediação para chegar a um cessar-fogo e a um acordo de troca de reféns.

Queimadas vivas

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) relatou que muitas pessoas dentro das tendas foram “queimadas vivas” e informou que os hospitais da área “não são capazes de lidar com esse grande número de vítimas devido à destruição deliberada do sistema de saúde em Gaza pela ocupação”. Segundo a agência Wafa, a maioria das vítimas no ataque ao acampamento de tendas em Tal as-Sultan eram mulheres e crianças.

Imagens de satélite mostram que o acampamento de tendas em Rafah, localizado na área de Tal as-Sultan, foi alvo dos bombardeios israelenses na noite de domingo e madrugada desta segunda (27). A análise das imagens sugere que o grupo de barracas foi estabelecido em janeiro deste ano, juntamente com o influxo de centenas de milhares de pessoas deslocadas para Tal as-Sultan e Rafah ocidental de várias partes da Faixa de Gaza.

“Recebemos um chamado de socorro depois que a área atrás de Al Baraksat foi atacada, mesmo que a ocupação israelense tivesse marcado aquele bloco como uma zona segura e forçado os cidadãos a se mudarem para lá. Demoramos aproximadamente 45 minutos para conter o fogo na área e resgatamos um grande número de corpos e pessoas feridas”, disse Dr. Mohammed al-Mughayyir, que lidera as equipes de Defesa Civil de Gaza. “A maioria dos corpos estava carbonizada e queimada, enquanto as pessoas feridas perderam membros e sofreram outras lesões devido ao uso de armas possivelmente proibidas internacionalmente.”

Relatos de jornalistas em Gaza indicam que muitas pessoas deslocadas buscaram abrigo próximo a uma instalação da UNRWA nesse acampamento improvisado de tendas porque acreditavam que estariam seguras. Sob circunstâncias normais, civis estão seguros sob a bandeira da ONU, mas estas não são circunstâncias normais e Israel não não é um Estado normal, é um Estado assassino, genocida, comandado por extremistas de direita e protegido pelos EUA.

Repetidos ataques, tanto verbais quanto físicos, por parte de altos funcionários israelenses, têm visado a UNRWA, afetando significativamente suas operações. Muitos funcionários humanitários da ONU já foram mortos sob bombardeios israelenses, a maioria deles sendo empregados palestinos da UNRWA em Gaza.

Indignação

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse estar “ indignado ” com o ataque de Israel em Rafah e apelou a um cessar-fogo imediato em Gaza. O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, disse que “o povo palestino está sendo espremido sem levar em conta os direitos de homens, mulheres e crianças inocentes que nada têm a ver com o Hamas e isso não pode mais ser justificado ”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito condenou “o bombardeamento deliberado das forças israelitas contra as tendas dos deslocados… numa nova e flagrante violação das disposições do direito internacional ”. O Catar classificou o ataque como uma “ grave violação das leis internacionais que agravará a crise humanitária na Faixa sitiada”. A Jordânia e o Kuwait condenaram os “crimes de guerra” cometidos por Israel em Gaza e instaram a comunidade internacional a obrigar Israel a aderir à recente decisão do TIJ que ordena que Israel pare qualquer operação em Rafah que possa ameaçar civis.

Um soldado egípcio foi morto e vários outros ficaram feridos numa troca de tiros com as forças israelenses na passagem de fronteira de Rafah. A unidade de porta-voz das FDI disse que “o incidente está sendo investigado juntamente com um diálogo com os egípcios”.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 36.050 palestinos foram mortos e 81.026 feridos desde o início do genocídio liderado pelo primeiro-ministro Netanyahu, um neofascista desmoralizado que responde a pelo menos três processos por corrupção e vê na matança indiscriminada de palestinos e palestinas uma tábua de salvação do seu mandato.

Reféns abandonados

Yechi Yahoud, pai dos irmãos Arbel e Dolev Yahoud, mantidos reféns pelo Hamas em Gaza, disse que o governo desistiu dos reféns e está se comportando como uma organização guerrilheira, acrescentando que as famílias dos reféns “só podem contar com vocês, o público, sair às ruas em massa, sair e gritar o grito dos reféns.”

A decisão do Tribunal Internacional de Justiça que apela ao fim das operações em Rafah, que corre o risco de violar o direito internacional, é vinculativa e deve ser respeitada , disse a Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, acrescentando que a Alemanha apoia o relançamento da missão da UE na passagem fronteiriça de Rafah (EUBAM) , que não está operacional desde a tomada de Gaza pelo Hamas em 2007.

Os países da UE discutirão como tomar medidas para implementar a decisão do TIJ sobre Rafah , disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, acrescentando que “de agora em diante nunca direi Israel, direi ‘o governo de Netanyahu’, porque é este governo que está tomando decisões que poderiam matar a Autoridade Palestina.”

Numa manifestação infame do ódio racista que orienta os genocidas na Faixa de Gaza, dois destacados expoentes da direita postaram fotos no X comparando o incêndio fatal em Rafah com fogueiras acesas para celebrar o festival judaico de Lag B’Omer, que foi celebrado no domingo à noite. Um deles colocou a legenda da postagem: “Boas Festas”. Após indignação generalizada, ambos apagaram posteriormente suas postagens.

Fungo que cresce na podridão

“Num país bem ordenado, quem quer que seja responsável por um fracasso como o 7 de Outubro diz, por si só, muito obrigado, e vai embora. Existe um velho conceito americano, ´não está feito´, que reflete normas básicas. Este conceito não existe mais, nem em Israel nem nos Estados Unidos, porque o campo Bibiista [partidários do atual primeiro ministro] não tem normas básicas. Netanyahu precisa de um estado podre porque ele é o fungo que cresce na podridão ”, afirmou o jornalista israelense Chaim Levinson.

À AFP, um funcionário da agência de Defesa Civil palestina, Mohammad al-Mughayyir, disse que o massacre nas tendas de refugiados no noroeste de Rafa provocou 40 ‘mártires’ e 65 feridos. “Nós vimos corpos carbonizados… Também vimos casos de amputações, crianças, mulheres e idosos feridos”, disse.

O funcionário afirmou ainda que os trabalhos de emergência enfrentam grandes desafios, como a escassez de combustível e a destruição de estradas. Falta, inclusive, água para apagar os incêndios, disse Mohammad al-Mughayyir.

Segundo o The Washington Post, a parte da cidade de Rafah atingida estava fora da área de retirada obrigatória determinada por Israel, tendo sido designada como zona humanitária para onde moradores deveriam buscar abrigo antes de uma ofensiva terrestre preparada por Israel.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que seu hospital de campanha em Rafah recebeu pacientes procurando tratamento para queimaduras e outros ferimentos. O Hamas pediu que os palestinos “se levantassem e marchassem contra o massacre do Exército israelense em Rafah”.

Foto: Reprodução

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