Cerca de 77% dos 90 reajustes de abril registrados no Mediador do Dieese até 6 de maio, fruto de negociações coletivas, resultaram em ganhos reais adicionados aos salários, ou seja, superaram a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).
Embora positivo, é preciso observar que o dado representa um recuo diante do que foi observado no primeiro trimestre de 2024, quando mais de 85% dos reajustes analisados ficaram acima da inflação.
Por outro lado, apenas 1,1% das negociações de abril tiveram reajustes abaixo do INPC, o menor percentual desde dezembro de 2022. Logo, o recuo nos ganhos reais deveu-se ao crescimento do número dos reajustes em percentuais iguais à inflação. Isso aconteceu principalmente no setor do comércio, onde cerca de 70% dos reajustes foram iguais à variação do INPC-IBGE.
Apesar do recuo no percentual das negociações com ganhos reais em abril, a variação real média nessa data-base (que equivale à média simples das variações reais de todos os reajustes desse mês) subiu para 1,82%. Trata-se do segundo maior resultado para uma data-base nos últimos 15 meses, inferior somente ao registrado em julho de 2023 (2,85%) e praticamente igual ao verificado em janeiro de 2024 (1,81%).
Setores e regiões
No panorama setorial, em 2024, a indústria e os serviços apresentam os maiores percentuais de reajustes acima da inflação (88,8% e 86,9%, respectivamente). No comércio, o menor percentual de ganhos reais (74%) é acompanhado por uma maior frequência de resultados iguais à inflação (22,8%, diante de 7,6% na indústria e 10,4% nos serviços). No cômputo geral, mais de 96% das negociações nos três setores garantiram reajustes iguais ou superiores ao INPC.
Na perspectiva regional, nota-se maior equilíbrio. Todas as regiões registram mais de 80% de negociações com reajustes acima da inflação, com destaque para o Sudeste, com 88,9% dos casos. Outro destaque positivo é o Sul, com resultados abaixo da inflação em apenas 1,4% das negociações, o menor percentual entre todas as regiões.
Fonte: Dieese