Recurso representa a última esperança do jornalista para impedir a extradição
O Tribunal Superior de Justiça de Londres concedeu nesta segunda-feira (20) permissão para que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, apresente um recurso contra sua extradição para os Estados Unidos.
O jornalista sofre uma implacável perseguição dos EUA por ter revelado ao mundo, através de documentos oficiais obtidos e divulgados pelo Wikileaks, o modus operandi do imperialismo pelo mundo, incluindo as torturas no Iraque e em Guantânamo, o manual de torturas do Pentágano, assassinatos cometidos por soldados estadunidenses sorridentes.
A lista de barbaridades cometidas pelo Estado imperialista sediado em Washington compreende, ainda, espionagem de chefes de Estado, crimes de guerra, pressões políticas ou diplomáticas, além de inúmeros exemplos de abusos de poder.
Golpe de 2016
A ex-presidenta Dilma Rousseff foi uma das vítimas da espionagem imperialista, conforme informações obtidas e vazadas pelo site criado por Julian Assange em 2013, operação ilícita cujo significado foi subestimado à época pelo PT e o governo.
O fato é que a espionagem de Dilma Rousseff, de outros integrantes do seu governo e de empresas como a Petrobras e a Odebrecht, integrava uma conspiração mais séria levada a cabo pelos imperialistas, entre elas a malfadada e antipatriótica Operação Lava Jato, que abriu caminho ao golpe de 2016, à prisão de Lula e eleição do neofascista Jair Bolsonaro em 2018.
Assange, que enfrenta a possibilidade de uma pena de até 175 anos de prisão nos EUA, está sendo perseguido por vazar cerca de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas americanas desde 2010. A informação é do G1.
É, na verdade, um preso político, cujo crime foi revelar a realidade brutal mascara pelo discurso falso construído por Washington para encobrir as atrocidades que comete em nome da democracia, das liberdades e dos direitos humanos.
A decisão desta segunda-feira foi tomada após os juízes britânicos solicitarem mais informações ao governo norte-americano sobre o caso, sendo vista como uma vitória significativa para Assange. Agora, sua defesa deverá apresentar um recurso formal para evitar sua extradição, defendendo que o julgamento ocorra no Reino Unido. Este recurso representa a última esperança de Assange para impedir a extradição.
Entre os materiais divulgados por Assange está um vídeo que mostra soldados norte-americanos matando 18 civis de um helicóptero no Iraque. Outros documentos vazados revelam assassinatos de civis, incluindo jornalistas, e abusos cometidos por autoridades dos EUA e de outros países.
Herói da luta anti-imperialista
O advogado de Assange, Edward Fitzgerald, argumentou no tribunal que seu cliente está sendo perseguido por práticas jornalísticas comuns, destacando que a obtenção e publicação de informações confidenciais de interesse público são essenciais para a democracia.
Em janeiro de 2021, um tribunal britânico inicialmente rejeitou o pedido de extradição, citando preocupações com a saúde mental de Assange e o risco de suicídio. No entanto, uma apelação americana em dezembro de 2021 reverteu essa decisão, reabrindo o caminho para a extradição. Assange, de 52 anos, está preso na Inglaterra desde 2019, após passar sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que posteriormente foram retiradas.
A prisão de Assange é um atentado contra a liberdade de imprensa e de expressão por parte de um país que se faz passar como o mais democrático do planeta, em mais uma evidência que imperialismo e democracia são, na verdade, incompatíveis.
Em contraposição ao imperialismo, as forças democráticas e patrióticas das nações oprimidas consideram o australiano Julian Paul Assange um herói da luta contra o imperialismo e pela liberdade e soberania dos povos.
Foto: Peter Nicholis/Reuters