Por: Marcos Aurélio Ruy
Neste 19 de abril de 2024 é importante mostrar que todo dia é dia dos povos indígenas. Porque o Dia dos Povos Indígenas, que antigamente era o Dia do Índio, mas o termo índio foi abandonado por ser considerado insuficiente para designar uma gama de 305 povos existentes no Brasil, que falam 274 línguas diferentes, segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), existe para se pensar como não abandonar os povos originários à própria sorte, vulneráveis a ataques de toda ordem.
Antes de qualquer comemoração nessa data, que foi instituída em 1943, é importante denunciar a discriminação, a usurpação das terras indígenas, muitas vezes com anuência dos poderes instituídos e de toda a violência física, até assassinatos desses povos, que são mais de 1,6 milhão atualmente, de acordo com o Censo 2022, do IBGE.
Para invadir as terras dos povos originários, latifundiários não medem esforços de todo tipo para explorar as riquezas do solo e subsolo. Como se viu no governo anterior, os indígenas viveram o inferno na Terra nesse período, que remonta a tempos passados de tanta humilhação e horror. Ficaram sem nenhuma demarcação de suas terras e sofreram ataques armados sem nenhuma proteção do Estado.
A favor da luta dos povos indígenas por autonomia, respeito e por todos os seus direitos à posse de suas terras, a uma vida tranquila, sem medo e sem discriminação. Necessário compreender e respeitar as suas diferentes culturas, costumes e línguas, deixando-os levar a vida como querem. Para tanto, existem filmes interessantes, alguns deles dirigidos e protagonizados por indígenas, como A Febre (2019), dirigido por Maya Da-Rin, em cartaz em alguns streamings.
Esse filme trata da luta permanente do indígena em se identificar como tal e ao mesmo tempo viver na cidade e ter trabalho, poder estudar e progredir na vida. Para com autonomia, afirmarem a sua existência e, mesmo vivendo na cidade, tendo celulares, cursando universidade e usando roupas, continuam a ser indígenas e como tal devem ser vistos e respeitados.
As Hiper Mulheres completo
Com o governo Lula, a situação dos povos indígenas melhorou com a Funai fazendo a sua real missão de proteger esses povos e o combate sério à mineração, ao desmatamento, ao extrativismo ilegal, ao o garimpo, como na terra dos Yanomamis, garantindo a segurança e a vida dos indígenas, como qualquer civilização que se preze deve fazer. Mesmo assim, ainda há a violência, onde os poderes locais fazem vista grossa a muitos ataques que os povos originários sofrem em conflitos por suas terras.
Outro filme importante é Xingu (2012), de Cao Hamburger. A trama conta a trajetória dos irmãos Villas-Boas no trabalho de estabelecer contato com os povos indígenas e a luta para a criação do Parque Nacional do Xingu como forma de defender esses povos dos ataques da ditadura (1964-1985), que vitimou muitos indígenas e proporcionou a invasão de suas terras. Importante conhecer esse momento para saber de mais essa atrocidade cometida pelos militares, então no poder.
Xingu completo
Como disse o cacique Raoni ao Ecoa UOL no ano passado, “minha luta hoje é defender a vida, a floresta, e também meu povo indígena para que não haja ameaças e violências, porque meu povo precisa crescer. Muitos povos desapareceram como indígenas. Então, os que estão aqui hoje, eu defenderei até meu último momento”. Que tal demarcar todas as terras indígenas já?
Caetano Veloso garante em sua música Um Índio que “um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante/De uma estrela que virá numa velocidade estonteante/E pousará no coração do Hemisfério Sul, na América, num claro instante/Depois de exterminada a última nação indígena/E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida/Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”. Essa canção é um verdadeiro hino de esperança.
Caetano canta Um Índio
Garantir os direitos, as terras, a cultura e o protagonismo dos povos indígenas na formação do Brasil é fundamental para compreender que a luta dos povos indígenas é a luta da classe trabalhadora por um mundo diferente, onde prevaleça a generosidade, o respeito e a solidariedade.
Para compreender toda a diversidade dessa gama de povos, muito importante ver filmes e ler livros como de Ailton Krenak, o mais novo componente da Academia Brasileira de Letras, entre muitos indígenas presentes nas artes.