CTB cobra no Senado redução de juros para alavancar Nova Indústria Brasil

Bira fala na audiência na CDH do Senado para debater programa do governo de industrialização (Fotos: Pedro França/Agência Senado)

O vice-presidente da entidade, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, diz que o programa do governo para industrialização está correto, mas é preciso superar alguns obstáculos

O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, afirmou nesta quarta-feira (17), na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, que o governo brasileiro precisa superar os obstáculos que impedem efetivar o programa Nova Indústria Brasil.

Por sugestão da CTB e Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), o presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), reuniu representantes do setor empresarial, governo e trabalhadores para debater o programa de industrialização.

Bira cobrou a redução de juros pelo Banco Central (BC) e o aumento do investimento público como forma de fortalecer a indústria nacional e desenvolver o país como deseja o governo por meio do programa.

Para ele, as diretrizes do Nova Indústria Brasil estão corretas, mas questionou de onde sairão os R$ 300 bilhões proposto pelo governo para a tarefa.

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“Foi destinado este ano na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] de 20242 R$ 1,7 trilhão para o capital especulativo, os bancos, e R$ 2 trilhões para o restante do país. As taxas de juros são exorbitantes e impedem, concretamente, o desenvolvimento no país. Não sobra dinheiro para investir nas outras questões”, observou.

“O Lula está certo quando pede redução dos juros e precisamos enfrentar o sistema financeiro. O terreno fértil para a volta do fascismo é fome, miséria e desemprego”, completou.

Lembrou ainda que nos últimos 12 meses foram direcionados R$ 750 bilhões para quem não produz um prego no país. “Aí vai atrás do déficit zero para cortar na educação, investimentos e não tem dinheiro para dar aumento [servidores] e fortalecer a indústria”, diz.

“Temos que driblar esse arcabouço fiscal, que é atraso de vida para o Brasil, porque impede um investimento maior. Acabar com isso é fundamental para que a gente possa definitivamente colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento”, disse ao Portal Vermelho logo após a reunião.

Ela também elogiou o encaminhamento de levar o debate para as assembleias legislativas de todos os estados.

O presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), disse que a redução dos juros é uma luta permanente e, por isso, o presidente Lula tem se posicionado “tão firme”. “A taxa continua alta, mas eu acredito que com a pressão do governo o Banco Central vai acabar diminuindo o valor desses juros que são exorbitantes”,

Sobre encaminhar o debate para todo o país, o senador previu que será mais uma ampla mobilização.

“Eu já fiz um movimento como esse em outros momentos. Quando discutimos a terceira ação e a própria previdência. Queremos repetir isso para aprofundar o debate sobre a questão da industrialização do Brasil garantindo emprego e renda para o povo brasileiro”, disse o senador ao Vermelho.

O presidente da Fitmetal, ex-deputado federal Assis Melo, considera também que não há como construir uma política de desenvolvimento com juros altos e a política de déficit zero.

“Nós precisamos investir e, para isso, precisa resolver essa questão. É preciso fazer um movimento cada vez mais forte em defesa do desenvolvimento da geração de emprego e vamos levar esse debate para os estados e Câmara dos Deputados”, afirmou.

Programa

A secretária-executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (CNDI/MDIC), Verena Hitner Barros, lembrou que o programa não é uma política elaborada para a indústria, mas para as pessoas.

“O presidente Lula poderia ter escolhido construir uma política dentro do gabinete e não o fez. Fez com um conselho do qual participam 20 ministros e 21 representantes da sociedade civil entre trabalhadores e empresários”, disse.

De acordo com ela, na visão dos trabalhadores a indústria garante os melhores empregos, maiores salários e para o governo ela é importante também pela mobilização que promove na sociedade.

Tanto no contexto internacional quanto no nacional a industrialização é um debate permanente e as universidades, por causa da produção do conhecimento, ganham centralidade da política.

Verena Barros diz que são seis missões que devem ser compartilhadas, do ponto de vista das responsabilidades, entre o governo e sociedade.

Tratam-se das cadeias agroindustriais digitais sustentáveis para a soberania alimentar e nutricional; o complexo econômico industrial da saúde para reduzir a vulnerabilidade do SUS e ampliar o acesso à saúde; moradia, mobilidade e saneamento, integração produtiva para garantir o bem-estar nas cidades; transformação digital para aumentar a produtividade; bioeconomia e descarbonização e transição energética para garantir os recursos para as futuras gerações; e a soberania e defesa nacional.

Para conseguir alavancar todo esse processo, a secretária-executiva do CNDI diz que foi preciso estabelecer “metas aspiracionais” e ambiciosas que devem ser compartilhadas com a sociedade.

Ela cita a tecnificação da cadeia agroindustrial com a meta de 66% da agricultura familiar tecnificada, ou seja, investimento em tecnologia. “Sabe quanto é hoje: 18%. No Nordeste é de 3%”, exemplificou.

Informações: Vermelho.org

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