Por Leonardo Sakamoto
O condenável ataque do Irã ao território de Israel com drones e mísseis não alterou a dinâmica de morte do governo Benjamin Netanyahu em Gaza. Neste domingo (14), milhares de refugiados palestinos foram atingidos pelo exército invasor quando tentavam voltar às suas casas no norte do território.
Vídeos que circulam pelas redes, bem como relatos de redes como a CNN, NBC e a Al Jazeera, mostram uma multidão de homens, mulheres, crianças e idosos caminhando em uma estrada à beira do Mediterrâneo. Após seres bloqueados por tanques, tiros e bombas, dão meia volta e correm. Há imagens de feridos e famílias desesperadas.
Após os tiros, o pânico da multidão piorou a situação, com pessoas sendo pisoteadas enquanto tentavam escapar. Ainda não há estimativa de feridos. Boatos de que a passagem estava aberta ajudou a fomentar a onda de refugiados. As Forças de Defesa de Israel disseram à imprensa que o norte de Gaza continua sendo uma faixa de guerra e o retorno não é permitido.
Palestinos temem o ataque prometido ao extremo sul de Gaza. Ironicamente, Rafah e Khan Younis eram os portos seguros para os quais o exército havia orientado todos os palestinos a se encaminharem no inicio da invasão a fim de se protegerem. Outros reclamam de fome e sede, de doenças e condições indignas de alojamento nos campos de refugiados.
O campo de refugiados de Nuseirat registrou ataques do exército israelense, com pelo menos quatro mortos. Nas redes, a comunidade palestina teme que o acirramento da tensão entre Teerã e Tel Aviv aumente a intensidade dos ataques em Gaza – que é onde, de fato, morre gente.
O caso remete a outro, em 29 de fevereiro, quando pelo menos 110 pessoas foram mortas após militares israelenses dispararem contra uma multidão que se reunia em torno de caminhões que levavam ajuda humanitária a Gaza. As Forças de Defesa de Israel retrucaram, dizendo que teriam matado um grupo menor, sendo que a maioria das vítimas fatais foi pisoteada devido ao pânico.
Vale lembrar que essas pessoas não teriam razão para serem fuziladas ou pisoteadas em torno de caminhões de comida um ano atrás, por mais que a vida em Gaza fosse uma tragédia devido aos limites já impostos por Tel Aviv, que tratava o território como uma prisão a céu aberto.
Até agora, 33.797 palestinos morreram desde o início da retaliação israelense ao atentado terrorista do Hamas em 7 de outubro do ano passado, que matou 1.139 pessoas em Israel – números publicizados pelos dois lados do conflito.
O mundo, com medo de um conflito entre duas potências militares do Oriente Médio (Israel já havia perpetrado um condenável ataque à embaixada do Irã em Damasco, na Síria, deixando mortos), o que pode ter consequências políticas, econômicas e eleitorais (dia 5 de novembro, os norte-americanos decidirão se Joe Biden ou Donald Trump governará por quatro anos), não pode esquecer que há um genocídio em curso.
Foto: reprodução. Refugiados tentam voltar para suas casas ao norte de Gaza quando foram atingidos pelo Exército de Israel.